O jornal espanhol El País revelou diálogos confidenciais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o jantar de sábado (25), em Davos, com dirigentes ibero-americanos. Entre eles, estavam o presidente Eduardo Duhalde, da Argentina, Alejandro Toledo, do Peru, o colombiano Alvaro Uribe e o mexicano Vicente Fox.
Também estavam presentes os ministros do Exterior desses presidentes e o ex-primeiro-ministro espanhol, o socialista Felipe Gonzalez, o primeiro a falar sobre a crise econômica internacional e a situação na América Latina. Recomendou a Lula algo que havia dito ao petista meses atrás no Rio: “Para distribuir riquezas, antes de mais nada é preciso criá-las”.
Ele também o advertiu que a eliminação de subsídios agrícolas não era um assunto tão relevante. Lula virou para o chanceler Celso Amorim e sussurrou: “Para o Brasil, seria mais do que suficiente”.
Logo depois, ao subir à tribuna, Lula dirigiu-se a Gonzalez com muito carinho: “Felipe disse aqui que o assunto dos subsídios não é tão importante. Estou convencido que o fim desses subsídios seria uma grande ajuda não só para o Brasil, mas para toda a América Latina”.
De volta à mesa, segundo o El País, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luís Fernando Furlan, se aproximou de Lula apontando Ana Botin: “Presidente, ela é a filha do presidente do Santander”, um grupo bancário cujos investimentos representam muitos milhões de dólares no Brasil. Lula ficou calado e Ana pode aproximar-se dizendo: “Presidente, meu pai o conheceu depois de sua eleição”.
Lula permaneceu calado, mas cravou os olhos no anel onde brilhava uma pedra parecida com uma água marinha, mas não moveu um único músculo do rosto. Ana prosseguiu: “Sim, meu pai estava preocupado com sua segurança”.
Lula confirmou que conhecia Don Emilio, lembrando que havia conversado bastante com ele e acrescentado: “Antes de sair ainda me disse: ‘Quero falar com a imprensa e dizer que vou apoiá-lo’, o que realmente fez”.