Mil e duzentos trabalhadores sem-terra invadiram a sede do Instituto Nacional de Colonização Reforma Agrária (Incra) em Fortaleza hoje pela manhã. Sem prazo para deixar o prédio, eles exigem o cumprimento do plano nacional de reforma agrária, a desapropriação de 27 áreas, a renegociação das dívidas e a liberação de obras de infra-estrutura para os assentamentos.O ato faz parte da Jornada Nacional de Luta, liderada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).
A direção do movimento entregou, à tarde, a pauta de reivindicações para a superintendência estadual do Incra. Já está marcada também para esta semana, em Recife, uma reunião para discutir a situação do MST no Nordeste. De acordo com Gene Santos, da coordenação do MST no Ceará, é preciso renegociar a dívida com os assentados porque eles são bons pagadores. "Nosso índice de inadimplência é de apenas 2% contra 90% dos fazendeiros", argumentou. O MST também reivindica atualização no índice de produtividade para a desapropriação.
Em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, sem-terra do MST bloquearam uma rodovia, invadiram a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Campo Grande, e entregaram uma pauta nacional de reivindicações. O superintendente regional do Incra no Mato Grosso do Sul, Luiz Carlos Bonelli, prometeu estudar as reivindicações e marcar reuniões para discutir item por item. Eles já haviam interrompido por meia hora o tráfego de veículos na BR-163, em Coxim, a 140 quilômetros da capital.
Em Sergipe, cerca de 1,5 mil sem-terra bloquearam hoje, por duas horas, a BR-101, próximo ao município de Estância, a 73 quilômetros de Aracaju. O bloqueio provocou um enorme engarrafamento na estrada, que liga Sergipe à Bahia. Pouco antes os sem terra foram até a agência do Banco do Nordeste da cidade e fizeram uma manifestação. O coordenador nacional do MST em Sergipe, Gileno Damascena Silva, disse que diversas manifestações serão feitas em várias regiões do Estado. A manifestação mobilizou militantes de 12 municípios.
Na Bahia, 150 famílias ligadas ao Movimento de Luta pela Terra (MLT), uma dissidência MST ocupou ontem a fazenda São Mateus, no município de Araçás, a 100 quilômetros de Salvador. Os 2,4 mil hectares pertencem à Companhia de Ferro Ligas da Bahia (Ferbasa) e estariam abandonados há mais de vinte anos, embora lideranças do MLT digam que a fazenda interessa a uma empresa de celulose para o plantio de eucalipto. Hoje, os invasores demarcaram lotes no local. As famílias pretendem plantar feijão, milho e abóbora para consolidar a ocupação. Uma comissão do MLT deve procurar a sede regional do Incra para cobrar a desapropriação das terras.
