Jorge Viana, reeleito, topa até pregar bandeirinha por Lula

Reeleito em primeiro turno com a maior votação proporcional do País, o governador do Acre, Jorge Viana (PT), afirmou hoje que está disposto a percorrer o Brasil e “pregar bandeirinha em poste” para ajudar Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais. Com 89% das urnas apuradas, Viana tinha 64% dos votos válidos contra 32% do peemedebista Flaviano Melo. No Acre, a coligação do governador conseguiu algo inédito: ter os três senadores.

Além do senador Tião Viana, irmão do governador (PT), a senadora Marina Silva (PT) se reelegeu com uma votação esmagadora e carregou, no seu rastro, a candidatura do desconhecido Geraldinho Mesquita (PSB), aliado da Frente Popular. Chefe da Casa Civil do governo estadual e procurador da Fazenda, o socialista só havia disputado uma eleição na vida, em 1986, para deputado federal. Agora obteve cerca de 100 mil votos em um Estado de 370 mil eleitores, barrando a reeleição do senador Nabor Júnior (PMDB), um dos principais líderes regionais.

A grande votação dos partidos de esquerda está garantindo à Frente Popular do Acre a eleição de quatro dos oito deputados federais e 12 dos 24 estaduais, de acordo com a apuração parcial. Os três deputados estaduais e dois federais mais votados pertencem ao PT e ao PC do B.

Onda vermelha

“Eu chamo isso de uma onda vermelha em um mar de rosas”, brincou Viana. Segundo ele, apesar de Lula não ter conseguido vencer no primeiro turno, a campanha presidencial do petista será beneficiada por uma combinação de resultados regionais que facilitará as articulações políticas para o segundo turno.

Para Viana, até mesmo a derrota da governadora Benedita da Silva, no Rio, poderá ajudar Lula, porque facilitará o trabalho do PT com as alianças.

Um dos governadores mais respeitados do País e integrante da ala “light” do PT, Viana já foi militante do Partido Revolucionário Comunista (PRC), um dos antigos agrupamentos esquerdistas que se abrigaram na sigla petista, e da qual o deputado José Genoíno (PT-SP) e o ex-prefeito Tarso Genro (PT-RS) faziam parte.

Filhos de um ex-deputado da Arena representante da elite acreana, os irmãos Jorge e Tião Viana estudaram em Brasília e, em meados dos anos 80, voltaram a Rio Branco, onde se aproximaram do líder sindical Chico Mendes, assassinado em 1988, e de Marina Silva. Quando a dupla de ex-seringueiros concorreu a deputado estadual e federal, em 1986, os Vianas enganaram o pai doando suas mesadas para a campanha e usando uma sala nos fundos da casa da família para gravar o programa eleitoral.

Hoje Viana é um dos poucos petistas com bom trânsito no Palácio do Planalto. Freqüentemente, o governador do Acre elogia as qualidades pessoais e esforços do presidente Fernando Henrique Cardoso, embora seja crítico do “modelo econômico” adotado pelo governo.

“O presidente Fernando Henrique se esforçou, mas acho que o governo dele pecou, o modelo adotado foi errado”, disse Viana na sexta-feira. Engenheiro florestal, defensor de um modelo de desenvolvimento ambientalmente sustentável, Viana cultiva o sonho de transformar o Acre em uma espécie de “Finlândia brasileira”.

“Pretendemos associar o trabalho dos seringueiros com o que tem de mais moderno no mundo”, afirma o petista, destacando que hoje já existe um pólo moveleiro em Xapuri que, usando o manejo florestal, está produzindo móveis de alto padrão que são comercializados em São Paulo, Nova York e Paris.

A utilização de um logotipo de uma árvore simbolizando o “governo da floresta” implantado por Viana chegou a provocar a impugnação de sua candidatura pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Ele foi acusado de abuso de poder político e de autoridade, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reformulou a decisão.

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