A Al-Qaeda no Iraque e seus aliados afirmaram hoje que o papa Bento XVI e o Ocidente estão "amaldiçoados" e declararam que a guerra santa irá continuar até o Islã dominar o mundo. O Conselho Shura dos Mujahedin, uma organização que reúne grupos árabes sunitas, entre eles a Al-Qaeda no Iraque, divulgou um comunicado em um fórum na internet sobre as declarações sobre o Islã feitas na semana passada pelo papa. A autenticidade da declaração não pôde ser verificada de imediato.
"Vocês infiéis e déspotas, continuaremos nossa jihad (guerra santa) e nunca iremos parar até que Deus nos permita cortar seus pescoços e levantar a bandeira do monoteísmo, quando a lei de Deus irá governar todos os povos e nações", afirmou a declaração. O grupo disse que os muçulmanos serão vitoriosos e referiu-se ao papa como "adorador da cruz", dizendo "você e o ocidente estão amaldiçoados, como podem ver pelas derrotas no Iraque, Afeganistão, Chechênia e em todos os lugares[…] Quebraremos a cruz, derramaremos a bebida, imporemos o imposto por cabeça e aí então a única coisa aceitável será a conversão (ao Islã) ou a (morte pela) espada.
O Islã proíbe a ingestão de bebidas alcoólicas e requer que não-muçulmanos paguem uma taxa por cabeça para garantir suas vidas, como se conquistados por muçulmanos. A taxa é suspensa se a pessoa se converte ao Islã. A declaração disse que o Corão diz aos muçulmanos em diversas ocasiões que a "jihad continua e não deve parar até o dia em que a religião será vitoriosa.
O grupo também acusou o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de iniciar a "nova campanha de cruzadas contra o Islã, com a sua invasão do Afeganistão e do Iraque, enquanto o adorador da cruz, o papa do Vaticano, segue seu caminho com seus claros ataques ao Islã e ao seu profeta […] e especialmente sua conversa sobre a jihad.
Na terça-feira (12), Bento XVI citou o texto de um livro que reconta a conversa entre o imperador cristão bizantino do século XIV, Manuel Paleólogos II, e um intelectual persa sobre as verdades do cristianismo e do islã. "O imperador vem para falar sobre a jihad, guerra santa", afirmou o papa. "Ele disse: ‘mostre-me o que Maomé trouxe de novo, e você só encontrará coisas malignas e desumanas, assim como o seu mandamento para espalhar pela espada a fé que ele pregava", afirmou o papa, citando o imperador.
No domingo, o papa afirmou "lamentar muito" as reações iradas, e disse que as afirmações vieram de um livro e não refletem sua própria opinião. Também hoje no Iraque, centenas de iraquianos protestaram na cidade sulista de Basra contra a citação do papa. Ele gritavam slogans e queimaram bonecos representando o pontífice.