Apesar de negar apoio oficial a qualquer candidato, o reverendo Jesse Jackson admitiu hoje ter afinidade com as propostas do PT e participou de atos de campanha da governadora do Rio, Benedita da Silva (PT), candidata à reeleição. Pastor da Igreja Batista e conhecido pela luta contra a discriminação racial, ele acompanhou Benedita num corpo-a-corpo pelo centro da cidade e deu entrevista ao lado dela e de seus secretários.
Jackson, ex-senador do Partido Democrata, criticou duramente o presidente dos Estados Unidos, George Bush, por causa da ameaça de ataque ao Iraque. “Quando você está dando foco à guerra, tira os olhos da tremenda onda de corrupção na área empresarial, na perda de 2,5 milhões de empregos em dois anos e de 50 milhões de americanos sem seguro se saúde”, declarou. De acordo com ele, um eventual ataque ao Iraque desviaria a atenção “dos verdadeiros problemas”.
O reverendo disse que já conhecia Benedita e o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, de outras visitas ao País, como na eleição de 1994. “Lula e Benedita são ativistas e cristãos que aplicam a sua fé”, disse.
Ele se encontrará com Lula domingo (29). “Ter Benedita como governadora mostra que os brasileiros escolhem o talento, o caráter e a virtude em seus processos políticos, não permitindo que a questão racial influa.” Ele fez uma brincadeira sobre a conturbada eleição nos EUA, afirmando que, no Brasil, espera que o candidato mais votado seja o vitorioso.
Jackson disse que o dinheiro aplicado no financiamento da guerra poderia ser aproveitado em países pobres. “Os US$ 200 bilhões a serem gastos numa guerra poderiam ser usados no combate à aids e na busca por um livre comércio.”
Ele destacou a importância da participação de afrobrasileiros na política. “Quando ouço Sérgio Mendes ou vejo Ronaldo jogar, lembro dos afrobrasileiros, mas é preciso mostrar que podemos ir além da música e do futebol. Sabemos liderar, sabemos governar. Nos EUA temos Collin Powell; aqui, temos Benedita.”
