Jereissati lidera movimento para reaproximar Ciro do PSDB

O ex-governador do Ceará e senador tucano eleito Tasso Jereissati lidera um movimento para reaproximar o candidato derrotado à Presidência Ciro Gomes (PPS) do PSDB. As articulações para um eventual retorno do ex-presidenciável ao ninho tucano começaram ontem (23) à noite em um jantar na casa de Tasso com o governador eleito de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e Ciro Gomes. Em 1997, Ciro deixou o PSDB, depois de desavenças pessoais com o presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidenciável tucano José Serra.

Mas agora, com a perspectiva de vitória do presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva, a volta de Ciro ao PSDB fica mais fácil. Afinal, o grupo político de Fernando Henrique e Serra saem enfraquecidos destas eleições. E Tasso Jereissati aposta que o partido terá uma ?cara nova?, com o fortalecimento de lideranças como Aécio Neves e o candidato à reeleição ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin. ?O que o Ciro pensa diferente de mim, de um Alckmin, de um Aécio Neves? Nada. Não tem sentido determinadas pessoas em partidos diferentes. Pessoas que têm propostas, pensamentos e posturas semelhantes, que têm ética, devem estar no mesmo partido?, defende o ex-governador.

Ele lembra que a saída de Ciro Gomes do PSDB foi muito ?mais pessoal, de discordância do governo de Fernando Henrique, do que outra coisa?.

?Mas não vai dar para dizer agora o que vai acontecer. Vou trabalhar no sentido de agregar?, diz Tasso. Em sua avaliação, o PPS de Ciro Gomes não terá muito espaço na cena política. Afinal, argumenta o tucano, o partido elegeu apenas uma senadora: Patrícia Gomes, ex-mulher de Ciro, e sua aliada política no Ceará.  ?Por que vou estar em um partido no Senado e a Patrícia em outro sendo que não tem nenhuma diferença de fundo ideológico, de postura?, afirma.

Para Tasso, estas eleições promoveram uma ?grande bagunça partidária?. Por isso, o atual quadro de partidos precisa ficar mais nítido, forte e definido. E a possível vitória do presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva levará o PSDB para oposição que, na concepção do ex-governador, passará a ser comandado por novas lideranças. ?O PSDB precisa firmar a sua característica histórica de social-democrata, de partido do diálogo e de conversa?, defende. ?Temos de mudar a cara do partido e isso não pode ser conduzido pelas mesmas caras que conduziram o processo nos últimos anos?, observa.

Na opinião do ex-governador, o PSDB sai fortalecido das urnas porque conseguirá eleger os governadores dos principais Estados. Além de Minas Gerais, de Goiás, os tucanos estão confiantes na reeleição de Alckmin e apostam também todas as suas fichas na eleição do candidato do PSDB ao governo do Ceará, Lúcio Alcântara.

A eleição do tucano cearense é essencial para o fortalecimento de Tasso dentro do PSDB. ?O desgaste do PSDB não é muito grande porque o partido sai fortalecido nos Estados. A perspectiva política ainda não está muito definida e, portanto, não cabe essa prepotência do PT?, argumenta Tasso, ao reconhecer que o partido perdeu espaço no Congresso Nacional.

Antes de jantar com Tasso e Ciro Gomes, Aécio Neves participou ontem à noite de um comício na periferia de Fortaleza para pedir votos para o tucano Lúcio Alcântara. Ele fez questão de agradecer publicamente o apoio de Ciro Gomes em Minas Gerais a sua candidatura.

?Sou hoje governador eleito de Minas e devo isso ao povo, mas também a um cearense que é o Ciro Gomes, que com um quadro político desfavorável, esteve em Minas e me apoiou. Agradeço por seu apoio e sua honestidade?, disse Aécio Neves, em seu discurso.

Quarto lugar na corrida presidencial, Ciro Gomes dedica agora todo o seu tempo a fazer campanha para o tucano Lúcio Alcântara e para Lula.

Diz que, depois das eleições, pretende ?desaparecer? por um tempo e, mais tarde, voltar a dar aulas de economia na universidade e a fazer palestras. E prefere, por enquanto, não falar muito de seu futuro político. ?Não sei o que Deus guarda para mim no futuro. Não sei se continuo ou se vou parar?, disse Ciro, no último comício do candidato tucano ao governo do Ceará.

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