Jereissati chama presidente da CEF de ‘malandro’ em virtude de deboche

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) repreendeu com dureza hoje o presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Mattoso, durante o depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. Jereissati chamou Mattoso de "malandro" por considerar que ele respondeu de forma debochada a uma pergunta sobre a qualificação dos funcionários da Caixa Econômica que negociaram com a multinacional Gtech a renovação do contrato para operação das loterias.

A renovação foi negociada pelo ex-vice-presidente da Caixa Paulo Bretas e pelo assessor da presidência Carlos Silveira. "Tinham eles experiência na área financeira, no setor de jogos?", perguntou o senador do PSDB do Ceará. O presidente da CEF desconversou, alegando que mandaria o currículo dos mesmos para Jereissati. "Imagino que eles jogavam, sim", complementou, como se não tivesse entendido a indagação.

"Eram jogadores de cassino?", questionou o senador do PDB. Mattoso respondeu: "Não, imagino que jogavam nas loterias, como todo mundo." Jereissati retrucou: "O sr. vai responder-me com respeito; perguntei se tinham alguma experiência porque fizeram os piores negócios para a Caixa. Achei que era inexperiência deles e do sr., mas, pela maneira como Vossa Senhoria está me respondendo agora, está parecendo-me uma maneira de malandro." Mais na frente, ele atacou: "O sr. comporte-se, fique quietinho, direitinho, limitando-se a responder às perguntas."

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) tentou intervir, mas Jereissati mandou que ela se calasse. "A sra. não tem postura para responder; peço ao presidente que desligue o microfone da senadora; a sra. não respeita nem os mortos", cobrou, referindo-se à citação feita antes por Ideli de que o ex-senador José Richa (PR) era lobbista da Gtech. Para apaziguar, o presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), pediu a eles e ao presidente da CEF que se contivessem. "Foi dirigida ao sr. uma pergunta séria e o sr. tentou desrespeitá-lo", alegou. Mattoso fez que entendeu, mas, sem abandonar o tom de zombaria, dirigiu-se a Morais: "Como é, então, que eu reajo, senador?" Foi então, a vez de Morais manifestar-se. "O sr; não provoque; estou pedindo que responda com respeito aos senadores, sejam eles do governo ou da oposição, que o sr. se comporte com respeito." Mattoso respondeu que os dois assessores são economistas – Bretas trabalhava numa fundação privada em Minas Gerais e Silveira numa pública, em São Paulo.

O presidente da CEF defendeu os termos da renovação do contrato, dizendo que foi um "excelente negócio" porque, na época, havia liminares que proibiam o banco de abrir licitação para substituir a Gtech. "Foi um trabalho extraordinário, volto a repetir; volto a insistir que foi o melhor negócio." Jereissati afirmou que, "sim, foi o melhor do mundo para Gtech". "Tanto que obteve o maior lucro de sua história, graças ao negócio feito no Brasil, é o que mostra no seu site", alegou. "Além de que ficou livre de contratos que corriam na Justiça e teve o faturamento aumentado com o aumento de 50% do valor dos jogos."

O senador leu a carta em que o ex-lobbista da empresa Afrânio de Mello Franco pede o desligamento da multinacional, alegando que ela não precisa mais dos serviços dele "porque estão íntimos, com um excepcional relacionamento com a Caixa". Mattoso insistiu na tese de que os auxiliares fizeram um bom trabalho. Para Jereissati, as respostas teriam se limitado a levantar dúvidas sobre se agiu movido "por uma prepotência muito grande ou pela incompetência de um arrogante".

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