O deputado Roberto Jefferson confirmou, hoje, por escrito, sua presença no
Conselho de Ética da Câmara na próxima terça-feira, e disse que reafirmava
integralmente a entrevista dada por ele à Folha de S. Paulo na qual descreveu o
suposto esquema de pagamento de "mensalão" a deputados para votarem com o
governo.
Reunido das 10h30 até há pouco, o Conselho de Ética da Câmara
decidiu que, após o depoimento de Jefferson, vai votar, na própria terça-feira,
requerimentos convidando para depor os ministros da Coordenação Política, Aldo
Rebelo, e Ciro Gomes, da Integração Nacional, citados por Jefferson entre as
pessoas que teriam sido avisadas sobre a existência do sistema de pagamento de
mesada.
O Conselho deverá também votar requerimento de convite ao
tesoureiro do PT, Delúbio Soares, suposto pagador de propinas a parlamentares; o
deputado Miro Teixeira (PT-RJ); o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto,
atual prefeito de Uberlândia; a deputada licenciada Raquel Teixeira (PSDB-GO),
secretária de Ciência e Tecnologia do governo de Goiás; o deputado Carlos
Alberto Leréia (PSDB-GO) e o ex-diretor do Departamento Nacional de
Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) Sérgio Pimentel.
Esses primeiros
requerimentos foram apresentados pelo deputado Josias Quintal (PMDB-RJ) que, no
entanto, deixou de fora os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e da Casa
Civil, José Dirceu, também citados por Jefferson como tendo conhecimento do
suposto esquema.
O presidente do Conselho de Ética, deputado Ricardo Izar
(PTB-SP), e o relator do pedido de cassação de Jefferson formulado pelo PL,
deputado Jairo Carneiro (PFL-BA), vão encontrar-se com o presidente da Câmara,
deputado Severino Cavalcanti, para tentar resolver o impasse criado com a
existência de duas instâncias de investigação na própria Câmara.
É que,
além do Conselho de Ética, provocado pelo presidente do PL, deputado Valdemar
Cota Neto (SP), na representação contra Jefferson, Severino nomeou também uma
comissão de sindicância, no âmbito da Corregedoria da Casa, para investigar as
denúncias de pagamento de "mensalão".
Izar considera "inócuos" os
trabalhos da comissão de sindicância, alegando que o resultado que ela produzir
deverá ser encaminhado ao próprio Conselho de Ética. Além disso, ele quer evitar
uma contradição, caso a comissão de sindicância chegue a resultado diverso do
Conselho.