Uma missão comercial com representantes do Japão e Coréia do Sul participou ontem, em Curitiba, de rodadas de negócios com sete empresas avícolas do Paraná. A cooperativa de importadores quer ampliar as compras de frango paranaense após o aparecimento dos casos de gripe aviária na Ásia (principalmente China e Tailândia), EUA e Canadá, que eram seus principais fornecedores. Segundo os atacadistas, Japão e Coréia do Sul necessitam de um milhão de toneladas de frango para normalizar seus mercados após o surgimento do vírus.

Nesse cenário, o Paraná desponta com potencial, por ser o maior produtor de frango do País, com 20,7% do total em 2003 (1,6 milhão de toneladas). No ano passado, o Estado exportou 503,4 mil toneladas de frango, gerando receita de US$ 452,4 milhões – sendo US$ 52,9 milhões para o Japão (42,6 mil toneladas). “O Paraná é o único Estado que está negociando separadamente a venda de carne de frango com três grandes atacadistas japonesas – Highmeat 21, Omori e Reins International – que movimentam 50% desse segmento na Coréia e 20% no Japão. Outros estados vão negociar conjuntamente com os grupos em São Paulo, no dia 26.

Segundo Aike Naito, representante da Reins International, a expectativa das empresas japonesas é importar 100 mil toneladas de frango de novos mercados neste semestre. Durante o ano, Japão e Coréia devem importar entre US$ 600 milhões e US$ 800 milhões em frango. “Existe um medo das pessoas em comer o frango. Estamos procurando um diferencial no mercado, com produto de qualidade”, relatou. “Está faltando produto para restaurantes e alguns mercados, em função da escassez entre os produtores asiáticos”, explica Tsuneo Omiri, da Omori S.A. O consumo do produto também aumentou por causa dos problemas de aftosa na carne bovina e suína na região.

Com a projeção de ampliação de espaço no mercado internacional, o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar) estima geração de 150 empregos diretos e 1,5 mil indiretos no setor. “O Paraná produz frango para qualquer lugar do mundo. Com qualidade sanitária, conquistamos espaço antes do problema da doença e agora temos chance de ampliar as vendas para esses mercados”, ressalta o diretor executivo do Sindiavipar, Ícaro Fiechter.

Intenção de compra

Dos contatos mantidos ontem, não saíram negócios fechados, mas a expectativa é de que isso ocorra a partir de 30 dias. “Vamos mandar quatro quilos de amostra de cada tipo de produto na primeira semana de março. Se forem aprovados, deve vir um pequeno pedido inicial e depois o volume vai aumentando”, espera Genésio Romagna, representante da Avícola Felipe, de Paranavaí. Hoje a empresa exporta 200 toneladas mensais de coxa para o Japão, via tradings. “Com a negociação direta, elimina-se o custo da distribuição e a margem de lucro”, destaca. A única desvantagem é o tempo de entrega do produto, via navio, que leva até 45 dias.

Ele salienta que o preço do frango brasileiro é competitivo, inferior ao de concorrentes diretos como EUA, Europa e Chile. “Nos negócios regulares, os preços ainda são modestos. Mas em razão da influenza, os preços dobraram e o volume será muito maior. Vamos sentir o efeito em cinco ou seis meses”. A média de estoque de frango do Japão, que era de 150 mil toneladas, caiu pela metade. Com isso, as exportações do Brasil para o Japão devem dobrar, somando 30 mil a 40 mil toneladas por mês.

A Avícola Felipe, que abate 70 mil frangos/dia e exporta 40% da produção – metade para o Japão – pretende, a partir de setembro, abater 100 mil frangos/dia e comercializar entre 50% e 70% da produção no exterior. Nos dois primeiros meses de 2004, 70 novos funcionários foram contratados. Estão previstos investimentos de R$ 5 milhões para ampliar a capacidade de estocagem de 300 para mil toneladas e mais R$ 3 milhões em equipamentos.

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