Japão assume direito de ter arma atômica

Num comunicado, em resposta ao questionamento de um parlamentar, o gabinete do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe (conservador) declarou nesta terça-feira (14) que a Constituição pacifista do país permitiria que o Japão tivesse "um nível mínimo" de armas nucleares, caso isso fosse necessário para sua defesa. O mesmo comunicado do governo, no entanto, informa que o país não tem planos para a aquisição ou o desenvolvimento de um arsenal atômico.

Foi a primeira vez que o governo japonês assumiu publicamente o direito do país de ter esse tipo de arma – do qual o Japão foi a primeira e até esta terça-feira única vítima, em 1945, com o bombardeio americano a Hiroshima e Nagasaki. A questão parlamentar – apresentada pelo deputado Sadakazu Tanigaki, do Partido Liberal Democrata (PLD) – foi levantada após as iniciativas do ministro de Relações Exteriores, Taro Aso, de defender um debate sobre as estratégias japonesas para proteger-se da ameaça externa depois do teste atômico norte-coreano.

Shochi Nakagawa, diretor de estratégias políticas do PLD – e rival político de Tanigaki no próprio partido -, considerou conveniente examinar a legalidade da eventual posse de armas por parte do Japão, após a mudança da situação da segurança regional na Ásia. Segundo ele, "a posse de armas nucleares reduz a possibilidade de o Japão ser atacado". Na avaliação do governo, a Constituição japonesa não diz nada sobre a posse de armas nucleares.

Aso já sugerira anteriormente que simpatizava com a possibilidade de "um debate sem tabus" sobre a posse de armas nucleares. As declarações de Aso e Nakagawa provocaram críticas de países como a Coréia do Sul e a China. De acordo com Tanigaki "no Japão, efetivamente, há liberdade de opinião, mas é preciso evitar que declarações de autoridades enviem uma mensagem errada para os países vizinhos".

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