Itamar Franco reafirma candidatura e critica reeleição

O ex-presidente Itamar Franco, pré-candidato à Presidência da República, disse que é contrário à reeleição e sugeriu que o presidente Lula deveria "descansar". Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ele também fez diversas críticas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso "Eu concorri com um candidato à reeleição e sei como é difícil, porque há uma linha invisível que nem o TSE consegue distinguir: quando o sujeito é o presidente ou governador e quando ele é o candidato", explicou o ex-presidente.

Reafirmando a própria candidatura como uma forma de garantir que o PMDB tivesse um candidato à Presidência, ele criticou os integrantes do partido que tentam impedir o lançamento de um candidato peemedebista. "Esses indivíduos estão acoplados ao governo federal de uma maneira forte, tão forte que chega-se a dizer que não querem a Presidência da República", ironizou. O ex-presidente afirmou não entender a lógica desse grupo. "Por que o PMDB não pode ter candidato se outros partidos menores têm os seus candidatos?"

Mineiramente, Itamar Franco se esquivou de responder a uma indagação se aceitaria ser o candidato a vice na chapa de Lula, na hipótese de não vingar a candidatura própria do PMDB. "Eu sou de uma formação que eu não gosto nunca de analisar o que poderá acontecer, eu sempre espero acontecer", devolveu. "Se eu dissesse aqui que já estou supondo uma vice Presidência, eu já estaria errando ao enfraquecer a candidatura, que pode ser minha ou de outro candidato", ponderou. E admitiu que não se sente "confortável" no partido. "Como a gente pode se sentir confortável quando se vê disputando a Presidência da República pelo PMDB, como se vê até hoje, aquela baderna total e aqueles xingamentos."

Responsável pela assinatura do acordo de fornecimento de gás boliviano, em 93, Itamar criticou a dependência do Brasil do gás daquele país. Ele lembrou que já havia evidências suficientes de que o presidente boliviano faria a nacionalização do gás e do petróleo. E classificou como "frágil" a reação brasileira durante o episódio. "A coisa se tornou difícil, pois o Brasil não observou a presença do presidente venezuelano", lembrou, referindo-se à aproximação de Evo Morales com Hugo Chávez, que vem dando apoio ao presidente boliviano.

Itamar Franco também fez críticas a outros pontos da política externa do governo Lula, que tem o chanceler Celso Amorim como ministro comum nos dois governos. "Eu achava que o Brasil não devia ter enviado tropas ao Haiti e expliquei ao ministro o meu pensamento", disse. Ele argumentou que o Haiti, como o país mais pobre das Américas, não precisa de tropas, mas de outros tipos de auxílios. Ele também fez restrições à busca por uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU: "O que adianta o Brasil sentar numa cadeira permanente se amanhã ou depois um dos cinco países podem usar o poder de veto?", lembrou. E foi além: "Esse é o grande erro que comete o presidente Lula e o meu querido ministro Celso Amorim. O Brasil nunca quis ser hegemônico, nós não temos nem cultura para ser um país hegemônico."

Demonstrando uma certa mágoa com o ex-presidente Fernando Henrique, Itamar Franco lembrou que o tucano estava longe de ser a primeira opção dele para sucedê-lo, citando o ex-ministro Antônio Brito, o embaixador José Aparecido e o senador Pedro Simon como seus preferidos. Sobre a afirmação do ex-presidente tucano de que ele teria sido escolhido para suceder Itamar sem que tivessem discutido o assunto: "Tem muita gente que tem memória de peneira", alfinetou, referindo-se a uma expressão típica mineira. E afirmou: "Todo mundo sabe neste País que ele foi eleito com base no Plano Real, que por incrível que pareça não foi dele", sentenciou. "Ele ajudou a acontecer, mas o grande sacerdote do Plano Real foi o ministro Ricupero."

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