O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido), defendeu hoje que o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, vá a apenas um debate no segundo turno. Segundo Itamar, o candidato do PSDB, José Serra, teria mentido no último confronto entre os presidenciáveis, na Rede Globo.
Itamar disse que Serra não falou a verdade ao se apresentar como responsável pelo programa de medicamentos genéricos e ao atribuir a seu governo (1992-1994) as privatizações da Light, do Rio, e Escelsa, do Espírito Santo. O governador também alertou os petistas para as possíveis “armadilhas” que lhe serão armadas.
“Não acho que o debate seja fundamental, porque as pessoas mentem nos debates”, disse. “O Serra cometeu impropriedades e inverdades.” De acordo com o governador de Minas, o programa de genéricos foi iniciado ainda na sua gestão e a privatização das companhias foi feita depois.
Itamar participou, ao lado do candidato à vice-presidência na chapa de Lula, senador José Alencar (PL-MG), de almoço beneficente promovido pela comunidade mineira no Rio de Janeiro, para marcar o lançamento da barraca de Minas na Feira da Providência. “O pior é que, no debate, a gente não pode se defender”, reclamou, pedindo que o petista se mantenha calmo. “O Lula tem que ter tranqüilidade, tem que manter um certo equilíbrio”, disse. “Tenho certeza que, nesse andar da carruagem, o PT se elege.”
Alencar também defendeu a realização de apenas um confronto. “Se fizermos só debates, não poderemos ir às ruas. O ideal seria como o Lula propôs: a realização de apenas um debate formando um pool de redes de televisão.” Itamar também citou a campanha nas ruas como obstáculo à realização de mais de um debate. “A grande beleza da democracia é a campanha direta, onde o eleitor pode ter contato, olhar no olho do candidato”, opinou.
O senador culpou o governo federal pela crise econômica, atribuída pela campanha de Serra à falta de clareza nas propostas do PT . “O problema não é eleitoral. É fruto da fragilidade da economia brasileira, da vulnerabilidade do modelo econômico. A taxa de juros é um dos principais fatores que tiram a credibilidade do País”, afirmou.
Constituinte
Após o almoço, o governador mineiro, Itamar Franco, voltou a sugerir a convocação de uma nova Assembléia Constituinte. “O Brasil atravessa uma fase muito difícil, e o modelo econômico tem que ser modificado. Estou certo que, mais cedo ou mais tarde, vamos caminhar para a convocação de uma nova constituinte”, disse. Segundo ele, os novos constituintes poderiam ter mandatos de um ano, paralelo aos mandatos do Legislativo.
