As autoridades italianas estão empenhadas em recolocar o futebol do país em ordem. E o alvo principal são os torcedores. A ameaça é de banir muitos deles para sempre do esporte, após as cenas vexatórias que protagonizaram domingo, principalmente no estádio Olímpico de Roma, ao vaiar e dar às costas ao campo na hora do minuto de silêncio em homenagem ao policial Filippo Raciti, morto do dia 2 após a derrota do Catânia para o Palermo (no clássico da Sicília) por 2 a 1, em confronto com torcedores.
A primeira medida contra os vândalos vestidos com a camisa dos clubes após a morte do policial foi interditar estádios que não estivessem dentro das normas de segurança. Na rodada deste fim de semana, apenas seis estádios tiveram público. Outros quatro tiveram rodadas sem a presença de torcida. Mas o que parecia ser uma decisão sensata acabou trazendo mais problemas.
Em três deles, alguns torcedores italianos voltaram a mostrar ignorância e peitar a Justiça. O minuto de silêncio para Raciti ocorreu sob vaias e palavrões contra policiais, em geral em Gênova, Turim e Roma.
No Olímpico, a torcida ainda virou de costas para o campo, o que deixou a ministra do Esporte da Itália, Giovanna Melandri, indignada. "Parece que nem todos os imbecis ficaram em casa. Mas não poderão voltar a entrar nunca mais em um estádio de futebol" afirmou a ministra, garantindo que já estão sendo analisadas as fitas dos jogos e que todos os torcedores serão identificados.
No Estádio San Siro, em Milão, não houve desrespeito à homenagem ao policial. Os torcedores estavam mais dispostos a ver a estréia do atacante Ronaldo com a camisa do Milan.
Racismo, não
O meia holandês Clarence Seedorf, do Milan, disse nesta segunda-feira (12) que tais atitudes de torcedores não são atos de racismo, mas sim da cultura do italiano. "Racismo é uma palavra muito forte, existe ignorância, ou mais especificamente medo de realidades que desconhecem. A violência é um problema social que reflete coisas da vida cotidiana em torno dos estádios.