Juan Mabromata/AFP

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Itália e Paraguai medirão forças nesta segunda-feira na Cidade do Cabo, estreia nesta Copa do Mundo de ambas as seleções, que colocarão à prova a tradição defensiva que cultivaram ao longo dos anos com um esquema de jogo que aposta nos contra-ataques.

As duas equipes são as maiores representantes no mundo do futebol de um sistema que consiste em reforçar a zaga para evitar qualquer risco e fazer dessa muralha e da força física o caminho mais fácil para chegar a um resultado favorável.

“O importante é a vitória, e para isso é preciso reforçar a parte de trás. É uma das nossas qualidades, e não podemos descuidar dela”, declarou o técnico da seleção italiana, Marcello Lippi.

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Apesar de o esquema ter sido popularizado nos anos 60 por Nereo Rocco, técnico do Milan na época, ele teve origem 30 anos antes na Suíça e ganhou notoriedade na Azzurra de Vittorio Pozzo, campeã em 1934 e 1938. Pozzo é até hoje o único técnico bicampeão em Copas.

O Paraguai livrou-se aos poucos a fama de equipe mais italiana da Conmebol, obtida principalmente nos anos 90, quando brilharam nomes como o goleiro José Luis Chilavert e os zagueiros Celso Ayala e Carlos Gamarra, um trio realmente difícil de superar.

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Aquela geração participou da Copa do Mundo da França, em 1998, em que só marcou em uma das quatro partidas que disputou, contra a Nigéria (vitória de 3 a 1), na primeira fase. Nos outros dois, empatou sem gols com Bulgária e Espanha, duas equipes que foram eliminadas.

Nas oitavas de final, o Paraguai deu uma verdadeira lição de “catenaccio” diante da futura campeã, a anfitriã França de Zinédine Zidane, que furou apenas uma outra vez o esquema defensivo desenhado pelo técnico brasileiro Paulo César Carpegiani. A equipe perdeu o jogo com um gol de Laurent Blanc a sete minutos do fim da prorrogação.

Os italianos, antes dos dois títulos mundiais nos anos 30, conseguiram os dois últimos com equipes italianas que se apoiaram no talento dos zagueiros e da competência dos pontas.

Na Espanha de 1982, a equipe levou a taça para casa contra todas as expectativas, principalmente na segunda fase, em que o zagueiro Claudio Gentile aniquilou a estrela emergente da Argentina, Diego Marodona (2 a 1), pouco antes de derrubar surpreendentemente o Brasil de Sócrates e Zico (3 a 2).

Quatro anos atrás, na Alemanha, a história se repetiu e um zagueiro, o capitão Fabio Cannavaro, foi o símbolo da equipe que sagrou-se campeã, além de levar a Bola de Ouro e prêmio da Fifa de melhor jogador do mundo naquele ano.

O Paraguai, além da atuação de destaque na Copa do Mundo na França, tem toda uma história com o ex-técnico italiano Cesare Maldini, que esteve à frente da equipe em 2002, quando a seleção conseguiu chegar às oitavas, caindo diante da poderosa Alemanha por 1-0.

Apesar do caráter defensivo do Paraguai nas últimas Copas, o atual técnico, Gerardo Martino, mexeu um pouco nessa filosofia, e os Guaranis estão um pouco mais ofensivos.

Apesar de Martino não esconder a busca pela eficácia e que o mais importante é ganhar, ele garantiu recentemente que os Guaranis chegam à África do Sul com a melhor equipe dos últimos Mundiais, o que permite uma maior variedade tática.

“Agora somos muito bons de ataque. O Paraguai foi famoso na América do Sul por ter uma das defesas mais fortes do continente, mas ultimamente também somos um dos melhores ataques”, disse o atacante Roque Santa Cruz.

Nas eliminatórias, o Paraguai se classificou como terceiro nas eliminatórias sul-americanas, na condição de segunda equipe menos vazada (16 em 18 partidas), enquanto a Itália foi líder da chave 8 da Europa, com sete gols tomados em dez jogos.