A Justiça italiana condenou hoje à prisão perpétua cinco ex-militares da Marinha argentina, acusados de homicídio doloso premeditado, em relação à morte de três cidadãos de origem italiana desaparecidos na Argentina durante a ditadura militar no país sul-americano. Os cinco condenados são Jorge Eduardo Acosta, Alfredo Ignácio Astiz, Jorge Raul Vildoza, Hector Antonio Febres e Antonio Vanek. Eles foram condenados à revelia. A sentença contra os ex-militares foi emitida pela Corte de Apelações de Roma, neste caso presidida pelo juiz Mario D’Andria.

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O promotor público Franceso Caporale pediu no dia 28 de fevereiro as condenações à prisão perpétua para Acosta, Febres, Astiz e Vildoza, integrantes dos "grupos de tarefa" que funcionaram na Escola de Mecânica da Armada (Esma), onde desapareceram e foram assassinados milhares de presos políticos.

Os ex-repressores argentinos foram julgados em Roma pelo seqüestro, tortura e assassinato dos cidadãos de origem italiana Ângela María Aieta e Giovanni Pegoraro, e de sua filha Susana Pegoraro (com dupla nacionalidade). Angela Maria nasceu em Fuscaldo, Cosenza, era mãe de Juan Carlos Dante Gullo e líder da Juventude Peronista, que foi seqüestrada quando pedia a liberdade dos presos políticos, entre os quais estava seu filho. Gullo e seu irmão Leopoldo apresentaram seu testemunho no tribunal italiano no dia 25 de janeiro.

Giovanni Pegoraro era um empresário da construção da cidade de Mar del Plata – 400 quilômetros ao sul de Buenos Aires – que desapareceu junto com sua filha Susana, militante do peronismo de esquerda e líder universitária, que estava grávida quando foi seqüestrada. Os testemunhos apresentados durante o julgamento confirmaram que os três desaparecidos estiveram presos na Esma, entre agosto de 1976 e dezembro de 1977.

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A sentença foi lida no salão bunker da prisão de Rebibbia, Roma, na presença de familiares das vítimas e membros de organismos de direitos humanos da Argentina e da Itália. Estela Carlotto, presidente do grupo de direitos humanos argentino Avós da Praça de Mayo, afirmou que o veredicto é "um exemplo de justiça". "É uma reparação simbólica por todos os desaparecidos durante a ditadura argentina", afirmou. Segundo organizações de direitos humanos, cerca de 30.000 pessoas morreram ou desapareceram durante a ditadura.