A reocupação por Israel de uma área no norte da Faixa de Gaza levou hoje à maior escalada no conflito desde a retirada israelense do território, em setembro, o que resultou na morte 21 palestinos (militantes e civis) e 1 soldado israelense. A maioria morreu em bombardeios e em confrontos. Ao avançar no território, tropas e tanques israelenses encontraram feroz resistência de palestinos armados com fuzis e granadas.
O ministro do Interior da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Said Siyam, fez um chamado hoje às forças de segurança palestinas para que resistam à invasão. Apesar de ser a primeira vez que o governo liderado pelo grupo radical islâmico Hamas envolve as forças de segurança nos confrontos, o apelo de Siyam tem pouco efeito prático. Isto porque as forças da ANP estão subordinadas ao presidente Mahmud Abbas, que não endossou o chamado.
O comando militar de Israel diz que o objetivo é forçar três grupos radicais palestinos a libertarem o soldado Guilad Shalit, capturado no dia 25, e impedir os extremistas de continuar lançando foguetes contra as cidades israelenses de Sderot e Ashkelon, situadas perto do norte da Faixa de Gaza. No último mês, os militantes dispararam mais de cem foguetes contra Israel e terça-feira, pela primeira vez conseguiram atingir áreas residenciais de Ashkelon.
Nesta incursão, o Exército pretende estabelecer uma zona-tampão temporária em um raio de 6 quilômetros da fronteira, para deixar Ashkelon fora do alcance dos foguetes do tipo Qassam usados pelos radicais palestinos.
Os tanques ficaram posicionados em uma área antes ocupada por três colônias judaicas, esvaziadas em agosto – um mês antes de Israel retirar suas tropas da Faixa de Gaza, entregando o território ao controle da autoridade palestina. Mas um funcionário do governo disse que há planos para entrar nas densamente povoadas cidades de Beit Lahiya e Beit Hanun. "Não há outra maneira de agir contra terroristas que estão operando em meio a sua própria população civil", disse o general Ido Nehustan.
No pior ataque aéreo israelense de hoje, pelo menos cinco palestinos morreram ao norte de Beit Lahiya. As tropas chegaram até a periferia de Beit Lahiya e ocuparam uma casa de dois pavimentos habitada por uma família, que ficou confinada ao andar térreo. "Nós não temos nenhuma intenção de nos afundar no pântano de Gaza", disse o ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz. "Devolvam Guilad com vida e saúde e parem de lançar foguetes, então enviaremos nossos soldados de volta para suas bases.
Em Jerusalém Oriental, a parte árabe da cidade, a polícia israelense prendeu líderes locais do Hamas acusados de promover atividade política na cidade, o que está proibido pelo governo israelense. No caso do soldado, Israel se nega a negociar com seus captores, entre os quais a ala militar do Hamas, mas há um canal de comunicação, via mediadores egípcios.