O Egito enviou um grande carregamento de armas através do território israelense para aumentar o poder de fogo de forças leais ao presidente palestino, Mahmud Abbas, informaram oficiais de Israel – uma extraordinária mostra de apoio dos dois países ao acossado líder palestino em sua disputa com o grupo militante islâmico Hamas.
Israel permitiu a passagem para os territórios palestinos de 2 mil fuzis automáticos, 20 mil pentes de munição e 2 milhões de balas ontem, precisaram os oficiais, que exigiram anonimato já que não houve confirmação oficial do carregamento por parte de Israel, do Egito ou dos palestinos. Abbas, numa briga pelo poder com o Hamas, que é contrário a negociações de paz com Israel, há muito buscava reforçar o arsenal dos serviços de segurança sob seu controle.
Israel inicialmente recusou-se a permitir a passagem das armas, temendo que elas poderiam eventualmente ser usadas contra israelenses. Mas uma recente retomada de contatos entre Abbas e o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e o desejo do Estado judeu em ver Abbas prevalecendo sobre o Hamas, que domina o parlamento e o governo palestino, parecem ter levado Israel a mudar de idéia.
O diário israelense "Haaretz" escreveu que Olmert e Abbas acertaram os detalhes do carregamento na primeira reunião de cúpula entre eles em Jerusalém no último sábado. Uma porta-voz de Olmert, Miri Eisin, assim como um de Abbas, Saeb Erekat, negaram-se a comentar a notícia, mas o ministro israelense Binyamin Ben-Eliezer confirmou tacitamente o acordo. Ele disse à Rádio do Exército que a transferência das armas visava a dar a Abbas "a capacidade de se manter contra aquelas organizações que querem estragar tudo".
Já Nabil Abu Rdeneh, outro porta-voz de Abbas, emitiu uma comunicado negando que houve um acordo envolvendo armas. Mas testemunhas em Gaza afirmaram que viram um caminhão da força de Segurança Nacional, pró-Fatah, transportando o que parecia ser caixas lacradas de armas. Ao fazer uma curva, uma caixa caiu do caminhão, espalhando um punhado de armas automáticas pelo chão. Agentes de segurança rapidamente desceram do caminhão, recolheram o armamento e partiram.
Hoje, o primeiro-ministro palestino, Ismail Haniye, do Hamas, partiu de Gaza a fim de retomar uma viagem por países do Golfo Pérsico que ele havia suspenso em meados do mês quando explodiram duros confrontos entre milicianos do Fatah, de Abbas, e do Hamas. Ele pretende visitar primeiro a Arábia Saudita, para participar da peregrinação a Meca, e depois Kuwait, Qatar e Jordânia, onde foi convidado junto com Abbas a realizar conversações com o rei Abdullah II.