Brasília – As divergências sobre produtos agrícolas é o principal entrave para a assinatura do acordo de livre comércio entre o Estado de Israel e o Mercosul, avalia a consulesa para Assuntos Econômicos da embaixada de Israel no Brasil, Rona Kotler. ?Essas são as principais demandas do Mercosul, e o principal obstáculo para se chegar a um acordo", afirmou, em entrevista à Agência Brasil.

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Ontem (20), a comissão técnica de Relações Exteriores no Mercosul rejeitou a proposta que previa a criação do tratado, durante a 30º reunião do Conselho do Mercosul, que termina hoje (21) em Córdoba, Argentina. Os termos preliminares do acordo foram assinados em dezembro de 2005, em Montevidéu, no Uruguai.

Além do Brasil, fazem parte do bloco, a Argentina, o Uruguai, o Paraguai. No último dia 4, a Venezuela ingressou no Mercosul, mas ainda não tem direito a voto.

O diretor do departamento de Negociação Internacional do Itamaraty, Regis Arslanian, disse que proposta não atendia aos interesses do Mercosul, mas que as negociações vão continuar.

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A consulesa explica que todos os meses acontecem rodadas de negociação entre as partes. A quinta e sexta rodadas deverão ocorrer em agosto e setembro, respectivamente. ?Há uma grande vontade de ambos os lados em completar esse acordo o mais breve possível. O objetivo é tentar concluí-lo até o final do ano?.

Para Kotler, a economia israelense e as economias dos países do Mercosul se complementam. O Brasil, segundo ela, é o maior parceiro comercial de Israel dentre os países do Mercosul, com participação de 84%.

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Ela lembra que, embora o Mercosul seja o terceiro maior bloco do mundo, depois da União Européia e do Nafta (North American Free Trade Agreement, o tratado norte-americano para o livre comércio), é o único com o qual Israel não tem um acordo comercial.

?Israel vê a abertura das negociações com o Mercosul para um acordo de livre comércio como um dos mais importantes desenvolvimentos na política de comércio exterior de Israel nos últimos dez anos", destacou a consulesa.

Com a assinatura do tratado, Israel espera aumentar suas exportações para a região em 40% até o final da década de 2000. ?A assinatura vai ampliar o alcance do comércio entre os países, e ambos os lados encontrarão novas formas de cooperação que trarão benefícios econômicos e prosperidade para as duas partes?, afirmou Kotler.

Embora confie no potencial de expansão das exportações, a consulesa ressalta que os impostos de importação nos países do Mercosul são ?bastante altos?. De acordo com ela, 60% das exportações israelenses para o Mercosul pagam imposto. Ela espera, no entanto, que "a gradual redução de alíquotas dê às exportações israelenses uma vantagem significativa".