Soldados israelenses retiraram-se nesta quinta-feira (31) da periferia da Faixa de Gaza depois de uma operação militar de cinco dias que deixou um saldo de pelo menos 20 palestinos mortos, diversas casas destruídas, valas escavadas no meio das ruas e plantações depredadas. O Exército de Israel alegou ter promovido a ação para destruir túneis e explosivos usados por militantes palestinos estabelecidos nos arredores de Gaza.
Ontem, Israel divulgou o que alegou tratar-se de imagens de um túnel escavado por militantes entre o bairro de Shajaiyeh e o entroncamento de Karni, principal terminal de carga entre Gaza e Israel. Segundo o Exército, o túnel de 13 metros de profundidade e 150 de extensão seria usado para promover ataques contra soldados israelenses em Karni.
Ao mesmo tempo, o Exército israelense despejou sobre a Cidade de Gaza panfletos nos quais avisava que as saídas por terra do território litorâneo continuarão fechadas enquanto militantes promoverem ataques contra Israel. A operação israelense em Shajaiyeh começou no fim da noite de sábado. Desde então, pelo menos 20 palestinos morreram, sendo 15 supostos militantes e cinco civis, disseram fontes hospitalares.
Equipes de resgate encontraram hoje a parte inferior do corpo de um homem. Ainda não se sabe, porém, se a pessoa mutilada é uma nova vítima da incursão ou uma pessoa morta ao longo dos últimos dias de confronto. As tropas israelenses retiraram-se de Shajaiyeh pouco antes do amanhecer. À medida que as tropas recuavam, os moradores saíam de suas casas para avaliar os danos provocados por Israel.
Ao forçar a passagem pelas estreitas vielas do bairro, tanques e buldôzeres israelenses derrubaram sacadas de diversas casas e cavaram valas no meio das ruas. Perfurações de balas eram vistas nas paredes de diversas casas. Os postes com linhas de distribuição de energia elétrica foram derrubados e os canos dos serviços de saneamento e irrigação, rompidos. Nos campos de cultivo, agricultores encontraram árvores arrancadas pela raiz, viveiros destruídos e estufas depredadas.
"Eles nos impediram de sair para buscar água e comida. Eles destruíram todos os nossos meios de vida, arrancaram pela raiz oliveiras mais velhas que eles", denunciou Ziad Sarsak, de 29 anos, que perdeu um primo e uma oliveira na operação. "Olhe ao seu redor", pediu ele ao repórter. "Parece que houve um terremoto ou um estouro de boiada", comparou. "Eu costumava questionar por que os combatentes lutam contra Israel, mas passarei a apoiá-los, pois percebi que eles estão certos e eu estava errado", desabafou.
Em condições precárias, funcionários da companhia telefônica e de outros organismos da prefeitura tentavam avaliar os danos e reparar o que era possível. Ainda hoje, um líder local das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa foi morto por soldados israelenses na Cidade de Nablus, na Cisjordânia.