Uma unidade à paisana do Exército de Israel assassinou hoje dois palestinos suspeitos de militância em Tulkarem. Em Hebron, buldôzeres militares demoliram um mercado de vegetais, uma delegacia e emissoras de televisão palestinos. As operações israelenses fazem parte de uma ofensiva contra supostos militantes na Cisjordânia.
Em Tulkarem, uma unidade disfarçada da guarda de fronteira matou dois palestinos armados em um tiroteio ocorrido após uma perseguição de carro pelas ruas da cidade, informaram fontes.
Em Hebron, soldados dispararam munições reais e balas de borracha contra palestinos que atiravam pedras e outros objetos durante a demolição de mais de cem barracas de um mercado de vegetais. Não há informações disponíveis sobre feridos neste incidente. O Exército do Estado judeu recusou-se a comentar o episódio.
O Exército alega ter realizado a ofensiva em resposta a uma série de emboscadas em Hebron. Desde 15 de novembro, 18 israelenses foram mortos em ataques de supostos militantes na região.
As operações em Hebron ocorrem dois dias depois de o primeiro-ministro Ariel Sharon ter vencido as eleições gerais no país.
Na Faixa de Gaza, o Exército de Israel demoliu três casas em Rafah nesta quinta-feira. Os militares também destruíram dois dutos que levam água a milhares de moradores palestinos, denunciaram testemunhas.
Dezoito casas foram danificadas na operação, inclusive duas construídas por uma agência da Organização das Nações Unidas que ajuda os palestinos. O Exército preferiu não comentar a operação em Rafah.
Num sinal de que prosseguirá com sua política dura contra os palestinos, Sharon rejeitou uma sugestão do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Yasser Arafat, para que os dois lados retomem as negociações de paz.
Ontem, Sharon voltou a acusar Arafat de “encorajar” atentados contra israelenses. Ele disse que “não negociará com palestinos envolvidos em atos de violência”.
O ministro palestino Saeb Erekat denunciou hoje que a recusa de Sharon em negociar com Arafat “reflete as políticas do próximo governo de Israel – congelar o processo de paz, deteriorar a situação, ampliar a violência e tentar ditar em vez de negociar”.
Em Tulkarem, fontes hospitalares disseram que soldados à paisana mataram Fayez Jaber, de 32 anos, líder local das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, uma milícia extremista responsável por diversos ataques contra israelenses.
Fontes informaram que os dois palestinos mortos no incidente tentavam fugir em seu carro depois de perceberem que soldados israelenses disfarçados de palestinos estavam atrás deles em Tulkarem. Segundo o Exército, seus agentes “responderam aos tiros dos palestinos”, matando os dois. Outros dez palestinos foram detidos na operação.
Em Hebron, além de demolir o mercado de vegetais, os soldados israelenses fecharam três delegacias da cidade, informou Khaled Madoun, comandante policial palestino na região.
O Exército de Israel acusa a polícia de ajudar militantes. Militares disseram ter encontrado uma bomba numa das delegacias. Os policiais informaram que a bomba estava lá porque foi apreendida numa operação recente.
Madoun acusou os israelenses de libertarem criminosos detidos nas delegacias. O Exército, por sua vez, garante que as celas estavam vazias quando seus homens chegaram. Os militares israelenses ainda interrogaram 11 policiais palestinos antes de os libertarem.
Segundo Madoun, Israel tem o objetivo de instalar mais caos e desespero nas áreas palestinas. “Faz parte da política de Sharon destruir o pouco que resta da Autoridade Palestina em Hebron, sua força policial”, afirmou. “Os palestinos não podem mais nem sentirem-se seguros contra a criminalidade comum”, denunciou.
A polícia palestina foi estabelecida como parte de tratados de paz assinados em 1995. Nos últimos 28 meses de conflito, soldados israelenses atacaram em diversas ocasiões as instalações da polícia palestina em retaliação a atentados. Israel acusava os policiais de participarem de ataques ou não fazerem nada para contê-los.
Os palestinos, por sua vez, garantem que as ações israelenses contra sua polícia têm o objetivo de desmantelar a ANP.
Os soldados israelenses também fecharam duas emissoras locais de televisão e uma de rádio. O Exército não informou o motivo pelo qual fechou as emissoras.