O deputado federal e presidente licenciado do PTB Roberto Jefferson voltou a declarar que no Palácio do Planalto, especificamente no que chama seu ?núcleo duro?, está a raiz de todos os escândalos que vêm comprometendo o governo. Voltou, entretanto, a declarar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não está envolvido nos casos denunciados, dentre eles o caixa 2 do PT, sua ajuda com esse dinheiro aos partidos ditos aliados, inclusive o próprio PTB, e o mensalão, que seria uma elevada propina, da ordem de R$ 30.000,00 mensais para cada deputado que se mantivesse apoiando o governo.

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Todos os que estão envolvidos nos escândalos e os que os acusam, inclusive lideranças da oposição, insistem que Lula não está no meio das ilegalidades e negociatas. E é de se crer nisso, embora seja preciso muita fé para remover a montanha de suspeitas que sobre o chefe do governo e líder máximo do PT poderia pesar.

Lula vem apelando a discursos de palanque como forma de defesa, não identificando com precisão quais seriam seus inimigos que estariam desejando vê-lo incriminado. Fala em elite que quer derrotá-lo, culpa a imprensa e repete, em tom de campanha eleitoral, discursos para audiências de trabalhadores. Nessas falas, comove contando sua história de homem simples de Garanhuns, interior de Pernambuco, filho de pais analfabetos, que veio para o Sul em ?pau-de-arara?, estudou para ser torneiro mecânico e acabou tornando-se o maior líder sindical que este País já conheceu. Fundou um partido político, o Partido dos Trabalhadores, e, depois de três tentativas, acabou derrotando as elites e assumindo a Presidência da República. Nela, convocou uma larga parcela dessas mesmas elites para o seu governo, de forma a obter maioria parlamentar que o seu partido, sozinho, não tinha. E acabou cercado de malandros petistas e não petistas.

A versão oficial sobre a posição do presidente Lula diante das negociatas que, ao seu redor, em nome do seu partido e, possivelmente, até em seu nome, vinham sendo feitas, é que ele a tudo ignorava. Uma versão pouco crível, mas que ninguém até agora foi capaz de provar falsa. Mesmo sendo presidente, portanto o comandante supremo, não sabia o que faziam seu partido e seus comandados. Tal assertiva só poderia justificar-se em dois casos: isolamento ou alienação.

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Haveria um grupo ao redor de Lula, a maioria do seu próprio partido, inclusive o comando da agremiação, que simplesmente o isolou. Nada da verdade poderia adentrar o seu gabinete no Planalto, sua residência do Torto ou o avião a jato no qual freqüentemente viaja. A Lula só se dizia o que poderia ser do seu agrado. E escondiam as maracutaias, mesmo que indiretamente elas viessem a beneficiá-lo como presidente, com frágeis bases políticas.

A outra versão é a alienação. Lula simplesmente sentiu-se acima e além das coisas terrenas quando chegou ao mais alto cargo do País. Sua alienação teria feito com que acreditasse em todos os que o reverenciavam, enquanto estes roubavam o País. Em um e outro caso, Lula nada fez de mal, a não ser estar por fora exatamente quando dele se exigia vigilância e braço forte.

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