Voltamos a velho e surrado assunto ? o estado calamitoso em que se encontram algumas importantes estradas, caminho obrigatório de milhares todos os dias – que denunciam a impressão de que vivemos num país sem governo. Entre esses, incluem-se a BR-116 em parte do trecho já duplicado entre Curitiba e São Paulo e principalmente na saída ao Sul, em direção a Rio Negro e Mafra; a BR-476, que constitui martírio para quem precisa ir à Lapa, União da Vitória e outras cidades naquele sentido; e, deixando de lado outras picadas, a saída para São Paulo pela BR-476, através da velha Estrada da Ribeira.

O estado calamitoso dessa última foi abordado aqui em reportagem publicada na edição do último domingo. Milhares de pessoas trafegam diariamente por aquela via que liga Curitiba ao vizinho município de Colombo. E os que fazem o caminho contabilizam, além do risco permanente de acidentes graves, prejuízos de monta em seus veículos devido a buracos e protuberâncias na pista, deficiências gravíssimas no acostamento e falta de sinalização. Existem buracos com dois metros de diâmetro a desafiar a perícia dos condutores de 40 mil veículos que por ali circulam diariamente.

Em situação não muito diferente estão as outras estradas acima citadas, oferecendo um péssimo cartão de visitas a uma cidade que granjeou fama por suas soluções inovadoras de tempos atrás. A inovação hoje é rima com o descaso, a falta de iniciativa e de vergonha de todas as esferas de poder, pois ao contribuinte pouco interessa se a omissão vem do governo federal, estadual ou municipal. Ônibus, caminhões ou simples automóveis enfrentam todos os dias as mais duras “pistas de teste”, colocando em risco, como já dissemos, não apenas a carga e o patrimônio, mas vidas humanas.

Uma lacônica informação do Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes (DNIT) ? a nova sigla do velho DNER ? dá conta de que as obras estão sendo feitas na medida do possível, apesar (sic) da falta de recursos do governo federal. É mentira. Não existe obra em lugar nenhum. Nem aqueles serviços de tapa-buracos, tão simples como necessários. Tamanha irresponsabilidade trai a boa-fé de qualquer órgão (e seus dirigentes) mantido com recursos públicos e que têm a incumbência de zelar pela segurança dos cidadãos.

Tamanho descalabro já está a merecer decidida intervenção da classe política paranaense, de qualquer partido, também aqui acomodada diante dos ingentes problemas que afligem o povo. Dizer ? como disse o DNIT ? que a Estrada da Ribeira, no trecho do Atuba, foi delegada ao Estado do Paraná (assim como o será também a BR-116 no trecho urbano de Curitiba), não constitui desculpa ou justificativa alguma. O caso é de emergência e não pode mais esperar pelas negociações que se arrastam ou pelos intermináveis tratados de irresponsáveis gestores da coisa pública. É irresponsabilidade criminosa. A calamitosa situação nada tem a ver com os trinta milhões de reais que se dizem necessários à reestruturação da rodovia que, segundo o DNIT, inclui uma novidade ridícula: a mudança do nome ? de BR-116 para BR-476 no trecho mais urbano. Assim como a mudança do nome DNER para DNIT nada resolveu, alterar o apelido de nossas picadas urbanas nada representa.

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