Irmão de Lula é acusado de tráfico de influência

Brasília (AE) – Líderes de oposição no Senado querem que o Congresso apure as denúncias de que o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Genival Inácio da Silva, conhecido por Vavá, estaria prestando serviços de intermediação de interesses de empresários com o governo federal. A denúncia foi publicada pela revista "Veja". A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto informou que Lula "nunca teve conhecimento da existência de suposto escritório do qual seu irmão participasse".

Os líderes do PFL e PSDB, senadores José Agripino (RN) e Arthur Virgílio (AM), querem que uma das três comissões parlamentares de inquérito em funcionamento no Congresso apure se Vavá favoreceu o governo ou o PT. A assessoria do Palácio do Planalto afirma que sempre orientou que os familiares do presidente fossem tratados como cidadãos comuns. "Cabe advertir que qualquer pessoa que tenha ilusão de conseguir benefício do governo federal usando o nome do presidente não será bem sucedido", diz a nota.

Para o líder do PFL, o caso mostra "que o governo tem de acabar". Na opinião do líder do PSDB, "Lula permite a promiscuidade entre o público e o privado". Virgílio acha que as denúncias ligadas ao presidente moldam um novo tipo de democracia. "O presidente parece se esforçar para cair enquanto que a oposição se esforça para mantê-lo no cargo", afirmou.

De acordo com a reportagem da revista, Vavá teria obtido audiências da Federação Brasileira dos Hospitais com o assessor de Lula, César Alvarez, e de um empresário de construção com o diretor de operações e logística da Petrobras Distribuidora (BR) Edimilson Antonio Dato Sant´Anna.

Vavá, diz a revista, confirmou que recebe e encaminha pedidos de empresários, admitiu ter solicitado as audiências e afirmou que viaja freqüentemente a Brasília com passagens pagas por empresários. "Se o presidente (Lula) tem empresários que procuram ele para fazer negócio, nada melhor do que você ajudar" afirmou. O irmão de Lula nega ter recebido dinheiro pelo trabalho: "Até agora ninguém pagou nada ainda. Espero ganhar um dia".

Anotações – Anotações feitas por Cristina Caçapava, uma das assessoras de Vavá, publicadas pela revista, mostram que o irmão de Lula recebeu pedido do advogado Daniel Garcia Vieira para apresentar ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, projeto de repatriação de recursos desviados no caso PC Farias, o tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Vavá garante que não encaminhou o projeto. Outra anotação feita por Cristina mostra o interesse em saber da posição da BR Distribuidora a respeito de um pedido de cessão de espaço do terminal de Santa Adélia (SP).

A audiência do presidente da Federação dos Hospitais, Eduardo de Oliveira, com o assessor de Lula teria ocorrido no dia 14 de setembro. A federação, que representa 6.895 hospitais e tinha o interesse, segundo a revista, em negociar com a União a quitação da dívida de R$ 580 milhões contraída por meio de serviços prestados por hospitais particulares ao Sistema Único de Saúde (SUS). César Alvarez, assessor de Lula, negou na reportagem ter conversado com os representantes da federação, mas Vavá confirmou o encontro, de acordo com a reportagem.

No caso da Petrobras, a audiência teria ocorrido no dia 29 de setembro na sede da empresa no Rio. O empresário paulista do ramo da construção, identificado como José Ernesto, acompanhado por Vavá, se reuniu com o diretor de operações e logística da Petrobras Distribuidora, Edimilson Sant´Anna, para apresentar, segundo a reportagem, alguns projetos para a subsidiária da Petrobras. Ex-metalúrgico e hoje aposentado, Vavá 64 anos, montou o escritório em São Bernardo do Campo e, de acordo com reportagem, tem três funcionárias. Ainda de acordo com a revista, documentos do escritório indicam que Vavá e seus assessores também procuraram Caixa Econômica Federal (CEF) em São Paulo.

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