O irmão da missionária norte-americana Dorothy Stang, assassinada em fevereiro em Anapu, no Pará, David Stang, esteve reunido, nesta terça-feira, com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. David Stang chefia uma comitiva de 11 pessoas e disse ter achado positiva a reunião, uma vez que o ministro concordou com a continuidade das investigações da Polícia Federal em busca de outros mandantes do crime.

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O advogado da família, Brent N. Rushforth, disse que Thomaz Bastos avalia que o julgamento dos envolvidos no assassinato de Dorothy deve acontecer em Belém, e não em Altamira ou Pacajá. "Falamos especificamente a respeito do caso continuar lá em Belém", disse. A família da missionária reivindica que o júri ocorra em Belém para evitar conflitos na região de Anapu.

Segundo o advogado, Thomaz Bastos também concorda que os cinco acusados pelo assassinato devem ser julgados em conjunto. "Ele disse ainda que isso, em algum sentido, depende da defesa porque se eles (os cinco acusados) continuarem a recorrer, os dois pistoleiros podem ser julgados este ano e os outros três somente no ano que vem".

Nesta tarde, a comitiva terá audiência com a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e depois deve se reunir com o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, e com o relator do processo, o ministro Arnaldo Esteves. No dia 8 de junho, o STJ negou por unanimidade o pedido de federalização do crime, que deixaria de ser julgado por instâncias estaduais.

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Dorothy Stang tinha 73 anos quando foi assassinada. Era conhecida por sua luta pela implementação de projetos de desenvolvimento sustentável e por denunciar a exploração ilegal de madeira na região da Amazônia, a grilagem de terra e a violência contra camponeses da região. A principal linha de investigação da polícia é que o assassinato da missionária foi organizado por um consórcio de fazendeiros que se sentiam prejudicados com a atuação dela.

Atualmente, cinco acusados de envolvimento no assassinato de Dorothy Stang estão presos em Belém. São eles os dois pistoleiros, Rayfran das Neves, que disparou os tiros, e Clodoaldo Batista (Eduardo), que acompanhava Rayfran no momento do crime; o intermediário Amair Feijoli da Cunha (Tato) e os dois fazendeiros acusados de serem os mandantes do crime, Vitalmiro Bastos de Moura (Bida) e Regivaldo Pereira Galvão.

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Os fazendeiros já entraram com pedido de habeas corpus na Justiça paraense e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para responderem o processo em liberdade, mas os dois tribunais negaram os pedidos.