Brasília (AE) – A CPI dos Bingos aprovou hoje (18) a convocação do médico João Francisco Daniel, irmão do petista Celso Daniel, prefeito de Santo André assassinado em 2002. A decisão foi tomada a partir de um requerimento apresentado pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP), com a justificativa de que há indícios da existência de um esquema de extorsão na área de jogos em proveito de partidos e candidatos. "As denúncias divulgadas pela imprensa são graves e guardam correlação dos fatos de interesse da CPI", alegou, referindo-se à informação de que Celso Daniel teria preparado um dossiê denunciando o esquema e que, com a sua morte, o mesmo teria desaparecido.

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"Além de que, é praticamente consensual que as circunstâncias da morte do prefeito não foram até agora satisfatoriamente esclarecidas", defendeu Tuma. No requerimento, o senador lembrou da suspeita de que Celso Daniel teria sido assassinado porque sabia de "atos de corrupção contra a prefeitura de Santo André e do desvio de dinheiro para a direção do PT". "O suposto esquema incluiria também o deputado José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil", acrescenta Tuma. Também por sua iniciativa, a CPI dos Bingos vai requisitar à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo cópia do inquérito policial sobre a morte do prefeito, preparado pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa.

Os senadores vão pedir ainda cópia dos autos de investigações que estaria sendo feito em Santo André para apurar denúncias de corrupção que teriam sido praticados no âmbito daquela prefeitura. A medida coincide com a iniciativa da Polícia de São Paulo de ajudar o Ministério Público na retomada da investigação sobre a morte do prefeito. A chamada CPI do caso Santo André, de iniciativa do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), foi enterrada pelo governo em março do ano passado. No dia seguinte à obtenção das 27 assinaturas para criar a comissão, a pressão do Planalto levou os senadores Paulo Octávio (PFL-DF) e Papaléo Paes (PMDB-AP) a recuarem e a retirar o nome da relação. Na época, a operação de desmonte da CPI foi atribuída ao líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP) e ao então líder do PMDB, e hoje presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).

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