O primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, disse que o Exército e a polícia do país terão condições de assumir totalmente o controle da segurança até junho de 2007. "Posso dizer que as forças iraquianas estarão prontas, totalmente prontas, para receber esse comando e para comandar suas próprias forças, e posso dizer que até junho nossas forças estarão prontas", afirmou Al-Maliki em entrevista à rede norte-americana ABC. Ele fez essas declarações depois de se reunir em Amã (Jordânia) com o presidente dos EUA, George W. Bush.
O próprio Bush declarou, depois do encontro, que os EUA vão acelerar a passagem das responsabilidades pela segurança no Iraque para as forças iraquianas. Em várias ocasiões, Bush havia dito que só consideraria uma redução das tropas de ocupação norte-americanas no Iraque quando as forças iraquianas tivessem condições de garantir a segurança; em outras, ele afirmou que os EUA só retirariam suas tropas do Iraque "quando o trabalho estiver concluído". Depois da derrota de seu partido, o Republicano, nas eleições para o Congresso dos EUA, no começo de novembro, Bush está sob pressão política crescente nos EUA para que as tropas norte-americanas sejam retiradas do Iraque.
A reunião entre Bush e Al-Maliki estava programada para ontem, mas foi adiada para esta quinta-feira (30) porque o encontro de quarta contaria com a participação do rei Abdullah II, da Jordânia. Fontes diplomáticas disseram que o adiamento foi iniciativa de Al-Maliki, porque Abdullah II certamente levantaria a questão do conflito entre Israel e os palestinos durante a reunião e o primeiro-ministro do Iraque, aliado dos EUA (que, por sua vez, são aliados de Israel frente ao mundo islâmico), não estaria preparado para entrar nessa discussão.
No Cairo, a Irmandade Muçulmana, maior grupo radical do mundo árabe, apelou para que todos os iraquianos, sejam sunitas, xiitas ou de outras religiões, parem de "banhar o Iraque em sangue" e se unam para combater o "agressor opressivo". O líder da irmandade, Mohammed Mahdi Akef, declarou que "aqueles que erguem a bandeira da jihad contra as forças de ocupação não dão a nossos países nada que não sejam coisas ruins e a divisão. A todos os iraquianos, quaisquer que sejam suas cores políticas, étnicas e sectárias, nós nos dirigimos a suas mentes, a seus corações monoteístas, e colocamos diante deles a realidade que está refazendo o mapa do Iraque com pedaços de corpos e pintando-o com sangue". Ele exortou os membros do governo do Iraque a "colocar a casa em ordem, definir suas lealdades e elaborar políticas que representem o povo e suas preocupações". Dirigindo-se ao presidente Bush, Akef disse: "Diga às suas tropas que suspendam a aniquilação pela qual você, seu governo e o atual governo do Iraque têm responsabilidade". As informações são da Associated Press, citada pela Dow Jones.