O Irã insistiu nesta quarta-feira (23) para que a Europa perceba os "sinais claros e positivos" em sua contraproposta para resolver o impasse sobre seu programa nuclear, enquanto a China e a Rússia mostraram interesse em apoiar uma negociação. Desse modo, o Conselho de Segurança (CS) da ONU será o palco de batalhas diplomáticas caso os Estados Unidos tentem impor sanções ao Irã.
Diplomatas europeus, americanos, russos e chineses analisaram a proposta iraniana, mas não fizeram nenhum comentário público. Na proposta, Teerã aceita negociar seu programa nuclear, mas aparentemente não abre mão do enriquecimento de urânio – exigência crucial do Conselho de Segurança para evitar sancionar o Irã.
O Departamento de Estado americano anunciou nesta quarta-feira (23) que a contraproposta do Irã não atende a exigência do Conselho de Segurança da ONU de suspensão total do enriquecimento de urânio, mas afirmou que ainda está estudando a oferta iraniana.
Aparentemente a contra-oferta foi feita com o objetivo de atrair os países europeus, a Rússia e a China para futuras negociações sem a aceitação da suspensão do enriquecimento de urânio – passo vital para a fabricação de armas nucleares – como preceito para as negociações.
Isso poderá dividir os americanos e os britânicos dos franceses, chineses e russos, entre outros. No mês passado, a Rússia afirmou que o CS não tinha pressa em pressionar o Irã, adotando um tom mais conciliatório do que os Estados Unidos. "Se os Europeus prestarem atenção aos sinais claros e positivos incluídos na resposta iraniana, o caso será resolvido por meio de negociações e sem tensões", informou nesta quarta-feira (23) a rádio estatal iraniana, citando o porta-voz do Ministério do Exterior Hamid Reza Asefi. Ele afirmou, ainda, que a resposta é um sinal da boa vontade que o Irã tem para resolver a crise.
O problema em relação ao programa nuclear de Teerã está na insistência do Irã em utilizar uma tecnologia de ponta simplesmente para gerar eletricidade. Críticos, porém, dizem que o Irã está interessado no enriquecimento para produzir armas nucleares. O ministro do Exterior francês, Philippe Douste-Blazy afirmou que "a porta ainda está aberta" para as negociações, mas apenas se o Irã suspender o enriquecimento de urânio primeiro.
O porta-voz do Ministério do Exterior alemão, Martin Jaeger, disse que essa exigência em relação ao cancelamento do enriquecimento se deve ao fato de que o "Irã claramente perdeu a confiança da comunidade internacional". Segundo ele, os países não acreditam mais no argumento de que o programa nuclear é para o uso civil, e não bélico.
Mesmo assim, a Rússia e a China – membros com poder de veto no CS – se mostraram receptivos a futuras negociações. O Ministério do Exterior russo informou que continuará buscando uma solução negociada, e a China recorreu ao diálogo, pedindo "medidas construtivas" para o Irã e paciência para os Estados Unidos e seus aliados.
No mês passado, um alto legislador iraniano informou que o parlamento estava se preparando para debater uma possível saída do Tratado de Não-Proliferação Nuclear caso o CS adotasse uma resolução para forçar Teerã a suspender o enriquecimento de urânio.