Irã não vai suspender enriquecimento de urânio

O Irã não vai suspender o enriquecimento de urânio, exigência feita ao governo iraniano pelo Conselho de Segurança (CS) da ONU que ameaça impor sanções ao país. Na véspera de responder a uma oferta de seis potências do CS para que suspenda essa atividade nuclear, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, reiterou nesta segunda-feira (21) que o país vai continuar com seu programa nuclear.

Em junho, seis potências do CS (França, China, Alemanha, Rússia, EUA e Grã-Bretanha) ofereceram ao Irã benefícios econômicos e tecnológicos. Depois, o CS deu prazo até o dia 31 deste mês para que o Irã aceite a oferta, do contrário poderá ser alvo de sanções. "A República Islâmica do Irã tomou sua decisão. Na questão da energia nuclear, vai continuar seu caminho poderoso. E receberá os doces frutos de seus esforços", disse Khamenei, segundo a TV estatal.

O aiatolá não mencionou o enriquecimento de urânio, mas uma alta autoridade da área nuclear foi clara: "Considerando o avanço técnico dos cientistas iranianos, a suspensão do enriquecimento de urânio não é mais possível", afirmou Mohammad Saidi, vice-diretor da Organização de Energia Atômica do Irã, órgão que representa o país nas reuniões na área nuclear.

Saidi confirmou que o Irã vai responder amanhã ao pacote de incentivos. O governo iraniano tem indicado que sua resposta não será um mero "sim" ou "não", pois terá uma "dimensão múltipla". Funcionários iranianos disseram que a resposta será possivelmente enviada aos embaixadores da França, Grã-Bretanha e Alemanha em Teerã ou ao chanceler da União Européia, Javier Solana.

Ao mesmo tempo que indicou que rejeitará os benefícios, o Irã vetou há dias a entrada de inspetores da ONU numa ala subterrânea de suas instalações nucleares de Natanz, centro do país. Essa informação foi transmitida nesta segunda-feira à imprensa por diplomatas da ONU. Eles disseram que a recusa prejudica os esforços do Irã de provar que seu programa nuclear tem objetivos pacíficos (de produção de energia elétrica). Mas não está claro se esse veto viola normas internacionais.

O Irã está sob pressão do CS porque o Ocidente teme que mantenha um projeto armamentista secreto, com a finalidade de fabricação de bombas atômicas. Essa suspeita ganhou corpo depois que em 2002 se descobriu que o Irã tinha instalações nucleares sigilosas, violando seu compromisso com o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). N esta segunda-feira o presidente dos EUA, George W. Bush, disse que quem contraria o CS tem de "sofrer as conseqüências", numa alusão a possíveis sanções.

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