Irã completa instalação do complexo nuclear de Natanz

Equipes de técnicos terminaram de instalar centrífugas no subsolo do vasto complexo nuclear de Natanz, no Irã, e após realizarem os últimos ajustes em canos, cabos e painéis de controle estão prontos para iniciar um programa que poderá ser usado para produzir armamentos nucleares, disseram fontes diplomáticas nesta sexta-feira.

Centenas de engenheiros têm "trabalhado incessantemente" nas últimas semanas no interior do complexo, semelhante a um bunker, situado sob o deserto próximo à cidade central de Natanz. A informação é de um diplomata da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), observadora de assuntos nucleares da ONU e situada em Viena.

Na quinta-feira, os técnicos instalaram e testaram os canos, fiação, painéis de controle e ar-condicionado, preparando o local para as centrífugas que enriquecem urânio.

O Irã declarou que deseja desenvolver o enriquecimento de urânio para gerar força, com Natanz como peça central de um programa que primeiro visa ligar 3 mil centrífugas, para só depois expandir para 54 mil. Mas os EUA temem que Teerã enriqueça mais urânio do que necessita para energia e use o material para fins bélicos.

As recentes atividades em Natanz elevam as tensões entre o Irã e as potências mundiais. "Esse trabalho não é necessário para um programa pacífico de energia nuclear, mas é o necessário para dar aos líderes do Irã o know-how para fazer urânio altamente enriquecido para armas nucleares", disse Matt Boland, porta-voz da delegação americana da AIEA.

Um dos quatro diplomatas que falou com a Associated Press em condição de anonimato disse que com todos os equipamentos de suporte instalados, "tudo está feito, exceto colocar as máquinas e elevá-las".

As centrífugas serão colocadas em "cascatas", ou séries, permitindo que o gás de urânio seja processado. O grau de enriquecimento determinará a finalidade do combustível: a baixo níveis, ele pode ser usado para a produção de energia; em concentrações mais elevadas, entretanto, o urânio torna-se matéria-prima potencial para a produção de ogivas nucleares.

Mesmo que Teerã instale com sucesso suas 3 mil centrífugas, estudiosos acreditam que ainda demorará alguns anos para que todas funcionem com adequação – o que permitiria à República Islâmica a produzir cerca de 2 bombas por ano. O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, o IISS, estima que o Irã está a dois ou três anos da capacidade de produzir armas nucleares.

O líder iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou na terça-feira (30 de janeiro) que o Irã começará a instalar as centrífugas antes do dia 11 de fevereiro, data final das celebrações do aniversário da revolução islâmica. Ele também convocou a população a tomar as ruas para apoiar o programa nuclear.

Instalação de Câmeras

Uma importante autoridade iraniana disse nesta sexta-feira que Teerã havia autorizado a instalação de câmeras de vigilância no complexo de Natanz, e que as câmeras já estariam instaladas.

"As câmeras foram instaladas na base de controle iraniano", disse a autoridade à Associated Press.

A autoridade, que não quis ser identificada, falou depois que diplomatas em Viena, sede do organismo da ONU para questões nucleares, disseram que o Irã havia se recusado a permitir que inspetores da organização instalassem câmeras no subsolo do complexo de Natanz.

Outras nações, entre elas o Brasil, não permitem câmeras nos seus salões de enriquecimento. Mas diferentemente do Irã, nenhuma está sob suspeita de produção de armas nucleares.

Teerã então convidou seis embaixadores do Movimento de Países Não-Alinhados (NAM) de nações em desenvolvimento para uma visita "de transparência" às instalações nucleares do Irã no próximo sábado, apesar de não autorizá-los a ver o complexo em Natanz, tido como peça central do programa iraniano.

Eles irão, em vez disso, visitar uma instalação na cidade de Isfahan e outra em Arak.

Diplomatas do NAM disseram que o Irã convidou os enviados, reconhecidos pela AIEA, para mostrar abertura em relação ao seu programa. Washington diz que simplesmente mostrar algumas atividades nucleares não traria a confiança estrangeira ao Irã.

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