Os artistas estão vingados". Com essa frase, o ministro da Cultura, Gilberto Gil, encerrou a inauguração de uma sala onde a censura, durante a ditadura militar, cortava filmes e outras obras artísticas, e que foi transformada num anfiteatro para a realização de debates sobre o desenvolvimento econômico, social e cultural do país.
A abertura do novo auditório, que fica no subsolo da sede do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) em Brasília, marcou as comemorações do 41º aniversário da instituição e contou com a presença dos ministros do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, e da Cultura, Gilberto Gil, do representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Antônio Prado e do presidente do Ipea, Glauco Arbix.
"Esse espaço, em outras eras, serviu para censurar, cortar, rasurar, classificar, castrar. Ao fazer reviver esse espaço, tentamos construí-lo como um espaço de debates que tem como marca registrada a pluralidade. Aqui deve ser o local da diferença, esse é o espírito da democracia", disse Arbix durante a solenidade.
O ministro do Planejamento também destacou que o espaço refletirá a pluralidade. "Isso é uma coisa fantástica, nós termos um lugar onde funcionou um dos porões da ditadura e hoje é um espaço cultural, um espaço para expressar o resultado das pesquisas, fazer debates, explorar toda essa pluralidade com que trabalha o Ipea".
Para o ministro da Cultura, a inauguração do auditório representa a "a reciclagem de uma das ferramentas de cerceamento da diferença, substituída agora por um espaço de crença na diferença".
O evento foi encerrado com um dueto de Gilberto Gil e do cantor, compositor e escritor Jorge Mautner, que está em visita a Brasília. A música escolhida foi "Matemática do Desejo", de autoria de Mautner, que foi preso após o golpe militar de 1964 e teve livros e canções censurados durante a ditadura.