A inflação medida pelo IPCA de 5,69% em 2005 foi a menor desde 1998 (1,65%). A gerente do Sistema de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, avalia que "o dólar foi o fator relevante" para segurar a inflação no ano. "Se não fosse o câmbio a quebra de safra com certeza teria tido um efeito perverso", disse.
Segundo Eulina, desde a mudança da política cambial em 1999 a inflação brasileira tem efeito direto do dólar. Com a ajuda do dólar e também de uma boa oferta de produtos no mercado interno – apesar de menor do que a expectativa de 134 milhões de toneladas a safra 2005 foi grande, de 112 milhões de t -, os alimentos contribuíram muito para conter a inflação no ano, com alta de 1,99%, ante 3,86% em 2004.
O principal impacto de alta para a inflação em 2005 foi dado pelos ônibus urbanos (10,44% de aumento e contribuição de 0 52 ponto), como resultado do que Eulina chamou de "sazonalidade eleitoral". Com as eleições municipais de 2004 muitas prefeituras evitaram os reajustes de ônibus, que desaguaram no ano passado.
Os preços dos produtos não alimentícios subiram bem mais no ano (6,77%) do que os alimentícios, sob impacto especialmente além dos ônibus urbanos, da energia elétrica (8,03% e 0,37 ponto porcentual) e empregados domésticos (11,52% e 0,35 ponto). Houve destaque também em itens como passagens aéreas (28,13%), seguro de veículo (22,65%), taxa de água e esgoto (13,38%) e plano de saúde (12,02%).
Por outro lado, itens cujos insumos são vinculados ao dólar apresentaram quedas significativas no ano, como vídeocassete (-19,39%), televisor (-11,05%) e microcomputador (-11,14%).
O gás de cozinha subiu apenas 0,25% em 2004 e ajudou a conter o IPCA no ano, observou Eulina. O álcool teve reajuste de 5,64% e a gasolina, de 7,76%. Eulina sublinhou que o álcool, ainda que tenha sido pressionado nos últimos meses do ano, apresentou no ano passado um reajuste acumulado bem inferior ao de 2004 (31,58%). A gasolina também registrou variação muito maior em 2004 (14,64%), assim como o gás de cozinha (7,15%).