A pressão do dólar elevou a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 1 31% em outubro, a maior variação deste ano, bem superior ao 0 72% registrado em setembro. Os produtos alimentícios foram os mais afetados pela moeda norte-americana e registraram variação de 2,79%, a maior desde novembro de 1994. O IPCA, meta oficial de inflação do governo, já acumula alta de 6,98% no ano e em 12 meses atinge 8,45%.

O índice de outubro ficou acima da média das previsões do mercado (0,95% a 1,40%) e reforçou o efeito disseminado do dólar sobre os preços. A gerente do Sistema de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos, disse que as pressões do câmbio ocorreram não apenas diretamente em produtos cotados em dólar, como trigo e soja, mas também houve impactos indiretos em todos os demais grupos. ?Vários custos vão aumentando em razão do dólar, como energia elétrica e combustíveis, e isso vai se disseminando na inflação. Analisando os resultados de outubro, é difícil distinguir o que é ou não efeito da moeda?, disse.

Alimentos – O grupo de produtos alimentícios contribuiu sozinho com quase metade (0,62 ponto porcentual) do IPCA de outubro. Os maiores aumentos ocorreram em produtos influenciados diretamente pelo dólar, como farinha de trigo (15,28%), macarrão (5,62%) e óleo de soja (10,46%). Houve também uma alta expressiva dos não-alimentícios (0,88%), comparativamente ao aumento registrado em setembro (0,37%). Os principais aumentos, nesse grupo, ocorreram no álcool combustível (11%), nas passagens aéreas (11,85%) e nos cigarros (5,26%), todos sob influência do dólar.

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