Rio – O dólar em queda puxou para baixo preços de itens importantes nas despesas das famílias e reduziu a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15) para 5,88% em 2005, ante 7,54% no ano anterior. Em dezembro, a taxa despencou para 0,38%, ante 0,78% em novembro. Os dados foram divulgados hoje (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O IPCA-15 é uma espécie de prévia do IPCA, referência para as metas de inflação do Banco Central. Os dois índices são calculados de acordo com a mesma metodologia, diferindo-se apenas no período de coleta. No caso do IPCA-15 de dezembro, a pesquisa de preços foi realizada entre 15 de novembro e 13 de dezembro. Para o IPCA, a coleta ocorre nos 30 dias do mês.
A gerente do Sistema de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, destacou que "há evidências de que o dólar ajudou muito a conter a taxa de 2005. O câmbio teve influência muito grande nos preços dos alimentos", disse. Como exemplo, ela citou o óleo de soja (-17,96%), macarrão (-5,07%), farinha de trigo (-8,31%) e bacalhau (-7,02%). A variação do grupo de alimentos (2,15%) ficou bem abaixo da taxa média acumulada no ano.
Eulina sublinhou que o câmbio tem tido uma "influência clara" na inflação nos últimos anos. Exemplo disso é que o IPCA-15 anual foi muito maior em anos de desvalorização do real, como em 2002 (11,99%), e bem menor em anos de dólar baixo, como em 2004 (7,54%) e neste ano.
Por outro lado, em 2005, os preços monitorados pelo governo, mesmo com altas inferiores às do ano passado, permaneceram como vilões da inflação. As principais contribuições para o IPCA-15 do ano foram dadas pelos ônibus urbanos (11% de aumento e 0,55 ponto porcentual de participação no índice) e gasolina (10,48% e 0,46 ponto).
Outras contribuições importantes para a inflação do ano foram dadas pelas passagens aéreas (28,28%), taxa de água e esgoto (13,37%), empregados domésticos (11,52%), telefone fixo (6,73%), colégios (7,72%), remédios (5,99%), plano de saúde (12 02%) e energia elétrica (7,97%). Somados à gasolina e ônibus, esses itens foram responsáveis por 3,24 pontos porcentuais na inflação do ano, ou 60% da taxa.
Em dezembro, a redução ante novembro ocorreu em conseqüência do menor ritmo de reajustes nos preços dos grupos de transportes (de 1,31% em novembro para 0,38% em dezembro), por causa de estabilidade nos preços da gasolina, e dos alimentos (0,90% para 0,40%), sob menor pressão das carnes.
Com o resultado do IPCA-15 mensal, a economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria, projeta um IPCA fechado no mês de 0,35%. Já os economistas da GRC Visão divulgaram relatório com projeção de 0,34% para o IPCA do mês.