Rio – A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) atingiu o maior ritmo de alta em dois meses, e subiu 0,30% na primeira semana de abril, ante alta de 0,22% na última semana de março. Acima das expectativas do mercado financeiro, que esperavam um resultado entre 0,14% a 0 23%, a taxa foi pressionada pela disparada nos preços de vestuário (0,56%) e hortaliças e legumes (1,67%).
Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, as altas de preços que levaram ao aumento mais intenso na taxa do indicador são passageiras, e não se sustentarão durante o mês de abril. "A elevação mais forte do IPC-S não é preocupante", afirmou, acrescentando que o resultado não representa sinal de descontrole na inflação do varejo. Braz não descartou que o índice possa registrar desaceleração na próxima apuração.
De acordo com a FGV, a entrada da nova coleção outono-inverno nas lojas levou à disparada nos preços das roupas (de -1,07% para 1,08%). "Mas era uma coisa que todo mundo esperava; os preços das roupas sempre sobem, em um primeiro momento, quando uma nova coleção entra nas lojas", explicou Braz.
No caso dos alimentos, ele explicou que, devido à elevação mais intensa nos preços das hortaliças, produtos de grande peso na inflação do varejo, a deflação no setor de alimentação perdeu o fôlego (de -0,32% para -0,21%) – o que contribuiu para elevar a taxa do IPC-S. Porém, o economista comentou que o comportamento dos preços das hortaliças é muito volátil, e não descartou que a situação no setor dos alimentos possa mudar. "Ainda há muitos alimentos em deflação. Dos 21 itens alimentícios, 13 estão com taxa negativa no IPC-S de até 7 de abril", disse.
Álcool
No IPC-S anunciado hoje, o preço do álcool combustível subiu 11,83%, abaixo da elevação registrada no IPC-S anterior, de até 31 de março (14,19%). Foi a primeira desaceleração no preço do produto, no IPC-S, desde a primeira semana de março. "Isso é resultado da decisão de antecipar a safra de cana-de-açúcar", disse o economista.
Ele lembrou que problemas de demanda maior do que oferta tem contribuído, durante semanas, para elevar o preço da cana-de-açúcar e seus derivados. "Parece que agora a oferta (dos derivados da cana) vai começar a se regularizar", opinou o economista, o que poderia levar a novas desacelerações no preço do álcool.