Rio – Graças à desaceleração intensa nos preços dos alimentos (de 1,13% para 0,59%), a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) subiu 0,65% na última semana de janeiro, abaixo da taxa registrada na semana anterior (0,74%). Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), que divulgou hoje (1) o indicador, foi a menor taxa registrada para uma quarta semana de janeiro desde a criação do indicador, no início de 2003 – sendo que o primeiro mês do ano é, normalmente, um período de inflação alta no varejo
O coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, explicou que a deflação nos preços de Hortaliças e Legumes (-0 54%) foi determinante para a taxa menor do índice. "Praticamente toda a desaceleração do IPC-S deve-se à hortaliças e legumes", disse Quadros. O comportamento dos preços das hortaliças foi atípico, visto que os preços no segmento costumam estar em alta no início do ano. "É a primeira vez, em 12 anos, que os preços das hortaliças ficam negativos na última semana de um mês de janeiro", disse o economista
Para as próximas apurações, o indicador pode continuar a registrar taxas menores, na avaliação do economista. Isso porque alguns produtos de peso na formação da inflação do varejo devem registrar desacelerações de preços, nas próximas semanas. Como exemplo, Quadros citou a batata-inglesa, que puxou para cima a inflação do varejo durante meses, e agora começa a registrar elevações de preços menos intensas (de 20,20% para 14%). Além disso, o economista espera em breve um arrefecimento na aceleração de preços do álcool combustível, que atualmente estão subindo intensamente (de 9,97% para 10,23%)
Núcleo
O núcleo da inflação do varejo em janeiro subiu 0,44%, ante alta de 0,36% no anterior. Calculado com base no IPC-S de até 31 de janeiro, a partir da exclusão das principais quedas e das mais expressivas altas de preço ao consumidor, esse indicador serve para medir tendência futura de inflação
Mas o economista da FGV minimizou a aceleração do núcleo, explicando que, em janeiro, há uma concentração tão grande de reajustes em tarifas e preços administrados que, mesmo com o núcleo sendo calculado por exclusão das principais altas da inflação do varejo, alguns aumentos de preços acabam por entrar na formação do núcleo.
