IPC-S aponta deflação de 0,44%

Pela segunda vez consecutiva, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) atingiu o resultado mais baixo de sua história: registrou -0,44% no período encerrado em 31 de agosto, ante -0,33% na apuração anterior.

Abaixo das estimativas do mercado financeiro, a queda no indicador, anunciada, nesta quinta-feira, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi provocada principalmente por recuos nos preços de alimentos (-1,30% para -1,57%) e de habitação (de +0,10% para -0 02%). O IPC-S é calculado desde janeiro de 2003.

O bom cenário nos preços ao consumidor também foi captado por outro indicador. O núcleo da inflação do varejo medida pelo IPC-S de até 31 de agosto subiu apenas 0,07%. Foi o menor núcleo desde novembro de 1998, e abaixo do resultado anterior de núcleo do IPC-S (0,30%). Esse indicador é calculado com a exclusão das principais quedas, bem como das mais expressivas altas de preço, e funciona como indicador de tendência da inflação.

"A taxa do núcleo é mais um sinal positivo a ser considerado para que a decisão de reduzir juros acabe acontecendo mais cedo ou mais tarde", disse o economista da FGV, André Braz.

Ele explicou que, no caso dos alimentos, houve uma "deflação generalizada". Dos 21 itens alimentícios pesquisados pela FGV, 16 apresentaram taxas negativas. Entre os destaques estão as deflações em hortaliças e legumes (de -5,82% para -7 73%) e arroz e feijão (de -1,21% para -1,93%). "O recuo de preços está bastante disseminado nos alimentos", disse.

Os preços administrados, que quase sempre puxam para cima os indicadores inflacionários, desta vez contribuíram para derrubar o IPC-S. Houve recuo expressivo nos preços de luz, gás e telefone (-0,13%), graças ao recuo em tarifa de energia elétrica (-0,92%). Isso ajudou no recuo de preços em habitação.

Outro fator que puxou para baixo o IPC-S foi a queda no preço da gasolina (-0,38%). Para o analista da consultoria Tendências, Gian Barbosa, esse recuo foi surpreendente, já que a gasolina estava subindo na apuração anterior (0,03%). Para Barbosa, o combustível contribuiu muito para a deflação no IPC-S. Essa é a mesma posição do economista da FGV. Braz explicou que a redução é originada basicamente do recuo de preço do álcool combustível (+1,49% para +1,10%), já que a gasolina tem 25% de álcool em sua composição.

"Enquanto não for liberado um aumento no preço da gasolina, esse é um fator fundamental para contribuir na redução da taxa do IPC-S", disse.

Os próximos resultados do IPC-S continuarão em nível baixo, mas provavelmente não tão reduzido quanto o resultado anunciado hoje, na avaliação de Braz. Para o economista da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), João Carlos Gomes, o cenário para os próximos resultados é positivo. "Acreditamos que a tendência da inflação é de inexistência de pressões futuras, em vista do bom comportamento do câmbio e do clima favorável", disse.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo