O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse hoje que a queda do dólar está sendo influenciada basicamente pelo aumento dos investimentos diretos no País e pelo bom desempenho da balança comercial. Em palestra no XVII Congresso Nacional de Executivos de Finanças, Meirelles lembrou que em 2004 e 2005 o fluxo financeiro dos investimentos para o Brasil ficou negativo, enquanto o comercial foi positivo. "O fluxo está sendo influenciado pelo investimento direto", enfatizou.
Segundo ele, o melhor caminho para uma queda na taxa de juros é o governo assegurar que a inflação está dentro da meta. Na opinião de Meirelles, essa previsibilidade sobre a inflação é que reduz o prêmio de risco e, com isso, permite um maior crescimento econômico.
Em sua palestra, o presidente do BC lembrou que o resultado da balança comercial tem surpreendido os analistas. Ele citou como exemplo as previsões para o saldo comercial de 2006. Em 2004 se previa um superávit para 2006 na casa de US$ 20 bilhões. No ano seguinte o número foi revisto para US$ 30 bilhões e hoje já está na casa dos US$ 40 bilhões. Meirelles destacou que não apenas os números do mercado financeiro que estão positivos. Segundo ele, indicadores do setor real da economia, como aumento da renda, maiores vendas e melhores índices de confiança do consumidor, indicam em melhoria no desenvolvimento econômico.
O presidente do BC disse que "o Brasil está num momento de repensar suas normas cambiais", mas enfatizou que "não há medidas já tomadas ou decididas no âmbito do executivo". Meirelles disse que a maior parte das medidas que poderiam ser tomadas pelo BC "já o foram". "No âmbito do Conselho Monetário Nacional (CMN) também já foram. Não vou arriscar a dizer que todas, porque a palavra ‘todas’ é muito forte.
De acordo com ele, está sendo feita uma análise para saber se o CMN pode ainda fazer alguma alteração ou modernização nas normas para o câmbio. "E se existir (essa possibilidade) certamente falo-á." Meirelles lembrou que há um projeto de lei no Congresso Nacional sobre as normas do câmbio e enfatizou que "medidas de ordem legal poderão ser tomadas". Ele argumentou que o Brasil tem uma estrutura normativa para o câmbio voltada para reter moeda forte porque durante décadas teve carência de moeda externa. "Hoje, o Brasil está em uma situação totalmente inversa", disse, lembrando o saldo positivo em conta corrente e o nível das reservas internacionais.
O presidente do BC disse que há algumas alternativas em discussão como a possibilidade de contas em dólar no exterior e em dólar no País e afirmou também que há a possibilidade de se fazer conta de investimento no País. Ele disse que, em relação à conta em dólar no País, "têm algumas dúvidas importantes dentro da questão fiduciária das exigibilidades do Sistema Financeiro Nacional", porém, não detalhou. Meirelles falou, de passagem, que "alguns já não consideram mais o dólar como moeda forte".
Meirelles tratou a alta do risco país nos últimos dias como "questões pontuais". Ele afirmou que "o importante é a tendência e a tendência da taxa de risco é de queda e, portanto, a tendência da taxa de investimento é de subida", afirmou.