Investimento cai em abril, mas deve crescer no 2.º trimestre

Apesar da queda de 0,3% dos investimentos em abril, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mantém a projeção de que crescimento de 7,8% para formação bruta de capital fixo (FBCF) no 2º trimestre deste ano. Nos primeiros três meses de 2006, os investimentos aumentaram 9%. No começo deste mês, em função deste forte desempenho no 1º trimestre, o Ipea revisou de 5,8% para 7,8% a projeção de investimentos para 2006. "Não há perspectiva de reversão de cenário", disse a economista Mérida Medina, do Ipea. "O número de abril não indica uma tendência.

Após o recuo de 0,3% em abril ante o mesmo mês de 2005, Mérida explicou que o resultado de maio será importante para orientar as expectativas em relação aos próximos meses. Segundo ela, tanto a construção civil como os bens de capital tiveram um desempenho ruim em abril, puxando o resultado para o campo negativo. Mérida explicou que uma indicação de que a queda dos investimentos pode ter sido pontual foi o "salto" da construção civil no 1º trimestre: alta de 7%, quando a projeção do Ipea era de uma expansão de 4,4%. "Foi uma recuperação rápida", disse.

Em abril, a construção civil teve queda de 2,4% ante o mesmo mês de 2005. Em um ano eleitoral como este, Mérida disse que o setor tem tradicionalmente forte desempenho. Na FBCF, a atividade da construção civil tem maior peso, com 59%. O setor de máquinas responde por 36%, e outros, com 5%. Mérida lembrou ainda que o segmento da construção residencial vem crescendo mais do que o da infra-estrutura.

Já a produção de bens de capital, de acordo com a economista, vem sofrendo com a importação de máquinas e equipamentos. "A continuidade do crescimento das importações é ruim para a produção, mas relevante para os investimentos, porque significa a renovação do maquinário", disse. Além do câmbio, Mérida citou também o preço atraente das máquinas importadas como fatores de estímulo para essas compras. Ela alertou para o aumento do aluguel de máquinas, ao invés de compra, o que também seria um fator importante para a expansão da formação bruta do capital fixo.

Após o crescimento da FBCF de 9% no 1º trimestre, o Ipea projeta crescimento de 7,8% no 2º trimestre; de 10,2% no 3º trimestre e de 4,3% no último trimestre do ano. Para o ano, a previsão é de aumento de 7,8%. Mérida explicou que o resultado do 3º trimestre é superior, porque o mesmo período de 2005 teve desempenho muito fraco. Nos últimos meses do ano, os investimentos caem, segundo ela, em função do término do ciclo político (eleições em outubro).

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