Investidores estrangeiros demonstram temer o Brasil pós-eleição

Não houve pânico e as perdas registradas pelos ativos brasileiros desde o anúncio ontem da queda de Antônio Palocci do Ministério da Fazenda poderão ser revertidas nos próximos dias pois os indicadores financeiros são positivos e as condições nos mercados externos continuam favoráveis aos emergentes. Mas após digerirem a nomeação de Guido Mantega para a vaga de Palocci, a maioria dos investidores estrangeiros concluiu que o grau de incerteza com a perspectiva macroeconômica de longo prazo do País cresceu substancialmente. Por isso parte da enorme confiança conquistada às duras penas pelo governo Lula junto aos mercados financeiros será, a partir de agora, testada nos próximos meses.

Mantega estava no pé da lista dos ministeriáveis desejados pela maioria dos investidores estrangeiros. Suas críticas – recentes inclusive – aos juros elevados, ao real forte e suas discussões com integrantes da equipe econômica comandada por Palocci o posicionaram como uma pessoa, dentro do governo, que defende soluções que escorregam do receituário ortodoxo dos mercados financeiros.

As declarações do novo ministro, reafirmando que a política econômica não será alterada foram bem acolhidas, mas não foram suficientes para afastar uma desconfiança de que seu compromisso com a austeridade fiscal e monetária seja inabalável. Causou particular preocupação entre os investidores a declaração de Mantega de que pretende dialogar com o Banco Central sobre os juros. "Que história é essa de conversar com o BC sobre a Selic?", questionou um investidor da City londrina. "O BC tem uma meta inflacionária a ser alcançada e não pode ficar suscetível a opiniões externas para determinar sua política, isso seria ingerência." Diante dessa desconfiança, a partir de cada indicador fiscal do governo, cada passo do BC, será monitorado com mais cuidado pelos investidores.

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