Nove dias depois de invadir a unidade de experimentos da Syngenta Seeds em Santa Tereza do Oeste, a 520 quilômetros de Curitiba, a Via Campesina, da qual faz parte o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), abriu as porteiras. O objetivo foi mostrar que ninguém mexeu na propriedade ou ameaçou uma destruição semelhante à da Aracruz Celulose, no Rio Grande do Sul, onde anos de pesquisa se perderam.
Queria também mais um argumento para o pedido de reconsideração da liminar de reintegração de posse expedida pelo juiz da 1ª Vara de Cascavel, Fabrício Mussi. O movimento quer a interdição total do campo de experimentos transgênicos, a menos de 10 quilômetros do Parque Nacional do Iguaçu.
"Eles estão prestando um serviço à biodiversidade, à sociedade e à geração futura", argumentou o advogado da ONG Terra de Direitos, Darci Frigo. "O perigo é o cultivo dos transgênicos, mas a presença deles é garantia de que não vão mexer lá. É uma ação em defesa da sociedade e não para criar arruaça."
O pedido foi protocolado no Fórum e testemunhado por uma comitiva com 35 integrantes da Via Campesina de pelo menos dez países, que se deslocaram de Curitiba até a região. Apenas três entraram na pequena sala de Mussi. Falaram dos problemas dos transgênicos no mundo e apelaram para que recuasse.
Mas o juiz deu a entender que manterá sua decisão. "Entendo toda a questão de mercado que vocês falam, mas não aceito que, num Brasil que se propôs a ser um Estado democrático de direito, pessoas ajam contra as instituições. Temos regras para valer os direitos e regras para afastar o direito", criticou.
"Em princípio, pelo que me disseram, não vejo como um eventual cultivo de produto ilegal autorize uma invasão. Não vejo o que legitima agir às margens das instituições." Segundo ele, o fórum para se discutir a legalidade ou não de produtos transgênicos é o Congresso Nacional.
