Fotos: Allan Costa Pinto

Élio Nomura ressalta a expansão desse mercado em Curitiba.

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Curitiba não tem uma Rua 25 de Março, como São Paulo, que atrai milhares de pessoas todos os dias atrás de produtos mais baratos ou bugigangas em geral, alguns de boa qualidade e outros de procedência duvidosa. Mesmo assim, dá para perceber que o comércio popular vem se expandindo também na capital paranaense – e que, embora mais descentralizado, tem parte expressiva de seus estabelecimentos instalados no centro da cidade. O que motiva esse crescimento, afirmam proprietários e consumidores, são preço e variedade.

Quem é que nunca entrou na Casa China, atualmente com oito filiais espalhadas pela cidade? Difícil é acreditar que esse verdadeiro ?mercado? de utensílios se fez desse porte em apenas dez anos, quando se resumia a uma pequena loja de R$ 1,99. ?Naquela época, 80% dos produtos eram importados?, lembra o gerente da loja da Praça Rui Barbosa, Élio Nomura. ?Mas essa invasão de produtos da China foi positiva no sentido de fazer a indústria nacional acordar. Por isso, hoje pelo menos metade de tudo que vendemos é produzido no Brasil?, compara.

No local tem de tudo: ovos de páscoa de R$ 1,99 a R$ 18,99, dependendo do gosto – e do bolso – do cliente. Material escolar, utensílios domésticos, louças e panelas. Algumas de marcas famosas no mercado também fazem parte do mix. ?Há produtos, como as bonecas, que são 90% de produção nacional. E temos marcas de ponta a preços competitivos, já que repassamos as vantagens das fábricas?, afirma o gerente. Por isso, o público da casa é misturado. ?Vendemos desde produtos que custam centavos até carrinhos de controle remoto de R$ 200.?

Shoppings

Para atender a essa demanda crescente, os lojistas do segmento popular também vêm se organizando em shoppings. O Show das Fábricas, por exemplo, já tem três filiais no Centro. Zalvia Correa, gerente de uma delas, explica que a idéia é próspera porque consegue oferecer uma gama de produtos, como roupas, calçados e acessórios, a preços baixos. ?Mesmo com a queda do poder aquisitivo, isso possibilita que as pessoas continuem comprando, e de tudo?, enfatiza.

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A sócia da loja de roupas de ginástica, Giuliane Leal, é quem vende o peixe. ?O tecido é bom, com acabamento bem feito?, diz. Lá, a calça de cotton sai por R$ 10. Ao que complementa a vendedora Andressa de Souza, que vende lingeries direto da fábrica. ?São de microfibra, assim como das grandes marcas. A única diferença é que custam menos?, atesta, apontando para o sutiã de R$ 18. ?Pode rodar que você não vai encontrar por menos de R$ 36 em lojas maiores?, equipara.

Consumidor dá palavra de ordem

Os consumidores da capital acharam um novo filão, com preços atrativos e variedade imensa.

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Não é porque o preço é baixo que o produto não deve ser bom. Pelo menos é o que dizem os consumidores, cada vez mais exigentes quando a compra é feita também no comércio popular. A vendedora Sandra Costa, que fazia compras enquanto a reportagem observava as lojas populares, dava garantia que é possível encontrar produtos bons no setor em Curitiba. ?O comércio popular de Curitiba está excelente. Não é uma 25 de Março, mas tem como ponto forte a variedade e bons preços, com a vantagem de ser mais tranqüilo para as compras?, opina.

Exigente, ela acredita que dá para achar nas lojas populares produtos semelhantes aos das grandes lojas. ?E a qualidade não deixa a desejar?, atesta. A dona de casa Lourdes Alves, que comprava roupas para o marido, diz que a vantagem desse comércio é que se concentra principalmente na rua. ?Assim é bem melhor para comprar; a gente encontra de tudo e mais barato.?

Mas existem ressalvas. O vice-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Camilo Turmina, reconhece o segmento como uma necessidade de mercado, mas acredita que seria melhor pra todo tipo de lojista se fosse menos espalhado pelo Centro. ?Quem não pode comprar caro, certamente recorre ao mais barato, mas para que esses produtos ficassem isentos de influência nos de maior qualidade, seria melhor que houvesse zonas de estabelecimento desses lojistas. Essa organização seria importante até para indicar ao consumidor onde ele vai buscar o que ele quer, de forma que possa fazer uma compra mais rápida e segura.?