Quase 30% da população brasileira entre 15 e 54 anos fizeram o teste de identificação do vírus da Aids em 2004, contra 20% em 1998. Este número é um dos indicadores que integram o sistema inédito de monitoramento que permitirá à sociedade acompanhar como estão sendo aplicados os recursos destinados aos programas de combate à Aids pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de informações sobre o controle da doença no país. O sistema Monitoraids foi lançado nesta terça-feira, em Brasília.

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"O sistema permitirá que a sociedade monitore estados e municípios, acompanhando dados e ações dos governos, cobrando a execução das ações e fiscalizando a aplicação dos recursos. Este sistema resgata uma dívida crônica. Desde os anos 80 estamos tentando implementar um sistema de monitoramento. Alguns avanços ocorreram mas nunca conseguimos implementar efetivamente um sistema que conseguisse corresponder às necessidades do SUS. Na área de saúde pública isso é novo", destaca Pedro Chequer, diretor do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde.

Célia Landmann Szwarcwald, do Centro de Informação Científica e Tecnológica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), explica que o sistema fornece informações úteis para o acompanhamento da epidemia de Aids no Brasil, ajudando a entender melhor a doença. A pretensão, segundo Célia, é atualizar os 85 indicadores do sistema uma vez por ano. "Alguns indicadores são de fluxo contínuo. Então podemos realizar a atualização à medida que consolidamos as informações. O inovador é estar disponível, dando transparência às informações e aos indicadores que temos acesso", afirma.

O professor Euclides Ayres de Castilho, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), diz que o Brasil "mais uma vez passa na frente" com o uso desse sistema. Ele faz uma comparação com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) e ressalta que, ao contrário do Monitoraids brasileiro, não é possível analisar a qualidade dos dados porque os números do Unaids são fornecidos pelos países.

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Para o americano Steve Blount, diretor do Escritório de Saúde Global do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta (EUA), O Monitoraids pode se tornar um sistema modelo para o resto do mundo.

O sistema foi criado numa parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Programa Nacional de DST/Aids com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças no Brasil. As informações do Monitoraids estão na página na internet: www.aids.gov.br/monitoraids.

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