A versão 2005 do Expressinho do São Paulo nem de longe repetiu a façanha das
equipes de 1985, de Cilinho, e de 1994, de Muricy Ramalho. Enquanto aqueles
jovens times davam show e mostravam boas e gratas revelações, a edição atual
limita-se a lutar. Neste sábado, a luta não foi suficiente para evitar a derrota
diante do Internacional por 3 a 1, no Morumbi. Rogério Ceni foi um das
principais figuras no jogo.
Antes do confronto, o técnico Paulo Autuori
não quis saber de rótulos para o time escolhido para enfrentar os gaúchos pelo
Campeonato Brasileiro. Expressinho? Time misto? "Não tem nada disso, é São Paulo
e pronto", disse. Tentava tirar o peso da responsabilidade sobre jovens
promessas, como Flávio, Hernanes e Paulo Matos, recém-promovidos das categorias
de base do clube. "Eles estão tranqüilos e a motivação é geral",
amenizou.
Em 1985, Toninho, irmão do ponta-esquerda Sidnei, e em 94,
Rogério Ceni, Denilson, Pavão, entre outros, ganhavam chance e mostravam
personalidade. A equipe de Muricy, inclusive, conquistou o título da Conmebol
daquele ano com goleada por 6 a 1 diante do Peñarol, equipe uruguaia, após
deixar pelo caminho os times principais de Grêmio e Corinthians.
E o que
esperar de time sem Fabão, Lugano, Júnior, Mineiro, Josué, Danilo, Luizão e
Amoroso, poupados para a decisão de quarta-feira frente o River Plate, pelas
semifinais da Libertadores? Disposição, luta, sacrifício e qualidade foram
qualidades encontradas por Autuori.
Do outro lado, Muricy, técnico do
Internacional, lógico, não desdenharia de uma equipe de jovens, pois havia sido
campeão em 93 com garotos. "Não tem essa de que Expressinho só participa. Hoje
não tem moleza. Contra garotos corredores, fica até mais difícil",
exagerou.
Seguindo a linha de raciocínio dos treinadores certamente um
belo espetáculo aconteceria no Morumbi. Engano. Em campo viram-se times
desorganizados, sem jogadas trabalhadas, na base do
bumba-meu-boi.
Autuori até acertou quando falou em luta. Seu time
demonstrou garra, é verdade. Mas parou aí. Erros foram comuns num desentrosado
elenco. A defesa sofria com os cruzamentos. Num deles, Fernandão carimbou a
trave de Rogério Ceni e em outro, o estreante Iarley, de virada, fez 1 a 0. Na
frente, o escondido Paulo Matos não pegava na bola e o falastrão e cheio de
marra Roger, só desperdiçava chances. Seu prêmio, vaias sempre que pegava na
bola.
Seria ainda mais vaiado ao perder novo gol aos 35 minutos. O juiz
carioca Wagner Tardelli Azevedo não deu impedimento e, mesmo assim, ele errou o
chute, sozinho. Souza não: 1 a 1 mostrando o sacrifício pedido pelo treinador.
Momentos antes, numa trombada com Edmilson, quebrou um dedo da mão esquerda. Já
Michel e Marco Antônio só apareceram quando substituídos.
São Paulo
sonolento no primeiro tempo, dormindo no segundo. Melhor para o visitante.
Fernandão, de pênalti, fez o segundo. Era um massacre, jogo de uma equipe só.
Bombardeio parado por Rogério Ceni. O goleiro só não conseguiu evitar chute de
Tinga, aos 37. Como a Libertadores é a meta, o ideal é que os erros não se
repitam quarta-feira. E que os jovens não sejam crucificados