A poucos dias da celebração do Dia da Abolição da Escravatura, os projetos de lei que criam cotas raciais nas universidades federais e o Estatuto da Igualdade Racial voltam a ser atacados por intelectuais, desta vez em forma de livro. "Divisões Perigosas: Políticas Raciais no Brasil Contemporâneo", recém-lançado pela Editora Record, reúne artigos, assinados por historiadores, antropólogos, geneticistas, educadores – todos abertamente contrários aos dois projetos que tramitam no Congresso.
A tônica principal dos artigos é que os projetos propostos instauram legalmente o racismo no Brasil, a pretexto de combatê-lo. Os organizadores da coletânea são a socióloga Bila Sorj, a antropóloga Yvonne Maggie – ambas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – e o militante José Carlos Miranda, do Movimento Negro Socialista. Em junho passado, eles viajaram a Brasília para entregar aos presidentes do Senado e da Câmara uma carta pública, com críticas à Lei de Cotas e ao Estatuto.
Yvonne explica que o livro reúne autores de posições políticas e ideológicas diferentes, de áreas de pesquisa diversas, mas todos com uma posição comum: a crítica à racialização que estaria em curso no País. "É uma tomada de posição frente a políticas públicas contemporâneas que podem comprometer o projeto jurídico e a idéia de nação que estamos construindo há quase 150 anos", diz a antropóloga.
Entre os 34 autores do livro estão o geneticista Sérgio Pena, o economista Carlos Lessa, a antropóloga Eunice Durham, o poeta Ferreira Gullar, o historiador José Murilo de Carvalho, o sociólogo Simon Schwartzman e o jornalista Luiz Nassif. O prefácio é do cientista político Bolívar Lamounier.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo