Metade da população ocupada do País ganha até R$ 300,00 por mês e quanto maior o nível de instrução do trabalhador, mais chances ele tem de ter um salário melhor. A constatação é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no estudo sobre Trabalho e Rendimento a partir dos resultados do Censo Demográfico 2000.
Segundo o Instituto, ?o nível dos rendimentos de trabalho mostra relação sensível com o grau de instrução que as pessoas alcançaram, uma vez que a elevação do nível educacional possibilita que os indivíduos tenham mais condições de se inserir no mercado de trabalho em funções que propiciem melhores remunerações?.
Em todas as regiões do País, o Índice de Gini, que mede a concentração dos rendimentos, foi maior na área urbana. A região Sudeste apresentou o maior rendimento mediano mensal de trabalho da população ocupada, R$ 700,00, mais do que o dobro dos trabalhadores do Nordeste, que ganhavam um rendimento mediano de R$ 302,00. Também são do Nordeste os maiores percentuais de pessoas ocupadas sem rendimento (15,6%) e recebendo até um salário mínimo (40,5%).
O estudo mostra que o grupo dos escalões superiores do poder público, dirigentes de organizações de interesse público e de empresas e gerentes e o dos profissionais das ciências e artes tinham os maiores rendimentos medianos mensais.
No outro extremo estava o grupo dos trabalhadores agropecuários, florestais, de caça e pesca. Em todas as categorias de emprego as mulheres ganhavam menos do que os homens. As maiores defasagens foram observadas nos grupos dos profissionais das ciências e artes e dos técnicos de nível médio.
Dois empregos
As pessoas com mais de um trabalho representavam 13,5% do total da população ocupada no País com pelo menos 15 anos de estudo. Os índices foram mais elevados (18,2%) na região Nordeste, enquanto os mais baixos (12,2%) ficaram no Sudeste.
A pesquisa mostra que o segundo trabalho é mais freqüente em atividades como Educação, Saúde e Artes, reunindo 52,1% da população ocupada do País, e onde os profissionais trabalham habitualmente menos de 40 horas semanais.
Novamente os maiores índices foram registrados no Nordeste (29,6%), onde, segundo o IBGE, há a maior proporção de trabalhadores agrícolas, e os menores no Sudeste (18,9%), pelo fato das longas distâncias nos grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, dificultarem o deslocamento dos profissionais para o local de trabalho.
Ainda, de acordo com o estudo, as populações ocupadas masculina e feminina se distribuem de forma diferenciada nas seções da atividade econômica. Os homens estão mais concentrados na indústria (30%), agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal (22,1%) e no comércio e serviços (20,3%). As mulheres concentram suas atividades no comércio e serviços (44,9%), nos serviços domésticos (18,7%), administrativos (12,8%) e nas profissões ligadas à educação, artes e ciências (7,9%).
