Instituto de pesquisa nega que notas de João Paulo sejam frias

O economista Nelson Guimarães, um dos sócios do Instituto DataVale, que fez as pesquisas eleitorais pagas pelo deputado João Paulo Cunha (PT-SP) com R$ 50 mil repassados pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, disse hoje que é "uma coincidência" o fato de as notas fiscais que emitiu terem números seqüenciados, embora tenham sido emitidas em 10 de setembro, 30 de setembro e 19 de dezembro de 2003. Ontem (24), durante o depoimento de João Paulo ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, onde ele responde a um processo de cassação de mandato, o relator, Cézar Schirmer (PMDB-RS), estranhou que não tenha sido emitida nenhuma nota fiscal em outubro e novembro.

"A empresa tem vários talões de notas e usa ao mesmo tempo. Tinha um talão comigo e preenchi nos três dias em que os pagamentos foram feitos. Naqueles meses, emitimos outras notas de outros talões para outros clientes", disse Guimarães.

Ele é filiado ao PT desde 1988, mas informou estar afastado das atividades partidárias. Guimarães disse ter pouco contato com o deputado do PT de São Paulo e que os levantamentos feitos em Osasco, Carapicuíba, Cotia e Jandira, na Grande São Paulo, foram contratadas pelo partido na primeira cidade. Guimarães é dono do instituto em sociedade com o jornalista Álvaro Freitas, sem filiação partidária. "Eu afastei-me do PT quando montamos a empresa. Firmamos o compromisso de que eu não teria mais militância. Continuo filiado, mas não participo mais das reuniões, não vou ao partido", disse o economista. Guimarães citou, entre os clientes do DataVale, outras legendas, como PFL e PPS.

O economista confirmou que os R$ 50 mil foram pagos em três ocasiões, sempre em dinheiro vivo. "Não achei estranho. Tenho de receber, não vou questionar. Recebemos o dinheiro, declaramos e pagamos imposto sobre isso", disse. Freitas. Sobre o pagamento em espécie, afirmou que "não é comum, mas também não é inusitado".

Os R$ 50 mil foram sacados da conta da agência de publicidade SMP&B, de Valério, pela mulher de João Paulo, Márcia Milanésio, em 4 de setembro de 2003, na agência do Banco Rural em Brasília. Ele disse que "tinha certeza que a origem era a Tesouraria Nacional do PT" e só soube que vinha da SMP&B quando estourou o escândalo do "mensalão". As notas foram emitidas em nome de João Paulo, mas ele não prestou contas à legenda.

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