Rio – O aluguel e afretamento de plataformas de petróleo teve um peso extra na balança comercial do ano passado. O segmento definido pelo Banco Central como "aluguel de máquinas e equipamentos" – que engloba outros itens além dos destinados à indústria de petróleo – representou o maior déficit individual das transações correntes em 2005. Segundo dados do BC, o País despendeu no ano passado US$ 3,567 bilhões, um valor 64,66% maior do que em 2004, quando o déficit foi de US$ 2,166 bilhões.
Como o balanço de 2005 da Petrobras ainda não está fechado, ainda não se sabe o porcentual exato da indústria petrolífera neste déficit. Mas, se comparados os primeiros nove meses do ano passado com o mesmo período em 2004, a influência fica bastante clara. Segundo dados da Petrobras, de janeiro a setembro de 2005 foram gastos US$ 2,192 bilhões com aluguel e afretamento de máquinas, equipamentos, sondas e plataformas. O dado total do BC no período é de um dispêndio de US$ 2,923 bilhões. Em 2004, foi gasto US$ 1,108 bilhão com equipamentos de petróleo nesta mesma época. Ou seja, houve elevação de 98% neste tipo de transação.
"Este incremento se deve ao aumento nas atividades da companhia, com crescimento de produção e investimentos, e ainda à elevação do custo dos itens relacionados", informou, por e-mail, o diretor-financeiro da estatal, Almir Barbassa. Segundo ele, não há como distinguir a parcela que correspondeu ao aumento de custos por aquecimento do mercado internacional e o que se deveu à aceleração no ritmo da exploração e produção no País.
Para especialistas, a principal causa foi o superaquecimento no mercado de sondas, cujos contratos saltaram de US$ 50 mil por dia para até US$ 450 mil por dia entre o início de 2004 e o fim de 2005. Isso porque o novo nível de preço do barril do petróleo – na casa dos US$ 60, ante os US$ 40 dos anos anteriores – trouxe retorno financeiro inédito para investimentos em áreas de exploração.
Os empreendedores decidiram apostar em áreas com maiores riscos de investimento, de olho na alta do barril e, com isso, lotaram de encomendas os estaleiros internacionais responsáveis pela construção de plataformas e passaram a disputar equipamentos disponíveis no mercado.
Se hoje uma empresa quiser contratar uma sonda de perfuração, precisará esperar até 2009 para ser atendida. É o caso da Petrobras, que já lançou licitação para contratar sondas a partir desta data, em vez de fixar o prazo de praxe de seis meses.
Com um programa de investimentos que não pode mais ser atendido pelas sondas já contratadas, a Petrobras também estuda a possibilidade de construir uma sonda própria. A decisão deve sair até o final do primeiro semestre, mas segundo informou recentemente o diretor de Exploração e Produção da companhia, Guilherme Estrella, é uma idéia que tem forte aceitação dentro da companhia.