Embora reconheça a existência de benefícios irregulares, o Ministério da Previdência contesta o cálculo do Tribunal de Contas da União (TCU) que apontou, na semana passada, gastos indevidos de R$ 33,5 bilhões nas contas do INSS em 2005.
Segundo técnicos do INSS, a amostra de 55,4 mil benefícios selecionados para a auditoria do TCU era ?direcionada? e não aleatória, considerando que os casos escolhidos já tinham algum indício de irregularidade.
Por isso, afirmam os técnicos, o resultado da auditoria, que identificou irregularidade em 23% da amostra analisada, não pode ser extrapolado para todos os 23,5 milhões de benefícios. Dos 55 4 mil benefícios selecionados, o TCU analisou, em detalhes, cerca de 7 mil.
Entre os que foram examinados com mais cuidado, o Tribunal constatou irregularidades em 1,6 mil benefícios. Com base nessa conta, o relator da auditoria no TCU, ministro Marcos Vilaça, observou que R$ 33,5 bilhões, 23% dos R$ 146 bilhões das despesas totais do INSS em 2005, poderiam ter sido pagos irregularmente.
Mas essa conclusão só seria válida, na avaliação do INSS, se a auditoria tivesse sido feita com base em uma amostra de benefícios escolhidos ao acaso, como determinam as regras da estatística.
O valor apontado pelo tribunal chega a 80% do déficit estimado para o INSS neste ano, de R$ 42 bilhões. A Previdência está no centro de um debate entre os que defendem uma nova reforma do sistema e os que afirmam que melhorias na gestão seriam suficientes para fechar o rombo. O ministério se alinha com essa segunda corrente.