A palavra final sobre a renegociação das dívidas da Varig e da Vasp com a Infraero será dada nesta quarta-feira pelo ministro da Defesa e vice-presidente da República, José Alencar, que pela primeira vez se reúne com o conselho de administração da estatal. Segundo pessoas próximas às conversações, Alencar está muito empenhado com o setor aéreo, "mergulhou nesssas questões desde que assumiu".
Se depender da administradora de aeroportos, porém, os débitos novos (contraídos este ano) das duas companhias, que somam em torno de R$ 160 milhões, serão cobrados judicialmente. "A expectativa no conselho de administração é a de que a conversa será a de cobrar judicialmente", afirma uma pessoa próxima às negociações.
No caso da Varig, a dívida com a Infraero é de R$ 148 milhões. A empresa apresentou ontem novo plano de reestruturação do débito, mas que não foi bem acolhido pela estatal. "O plano não agradou muito não, tanto o da Varig quanto o da Vasp", acrescenta, enfatizando que o objetivo da Infraero é dar isonomia à Gol e à TAM, que estão com os pagamentos em dia.
O plano da Varig não foi bem aceito, conta a fonte, porque ele não prevê a quitação de até 20% da dívida no curto prazo. Além disso, prevê o pagamento total em até 30 vezes, "um prazo muito elástico", considera a pessoa próxima às negociações. A Varig também deve R$ 223 milhões à Infraero, mas esse total já foi securitizado.
A situação da Vasp é pior. Isso porque a empresa já tem uma dívida "velha", em torno de R$ 750 milhões, que está sendo cobrada judicialmente, de acordo com a fonte do setor. Caso o débito de R$ 11,6 milhões deste ano vá para a Justiça, a companhia de Wagner Canhedo se tornará reincidente e será acionada por apropriação indébita, já que a empresa cobra taxa de embarque dos passageiros, mas não as repassa para a Infraero, como previsto na legislação da aviação civil.
Ainda segundo essa pessoa que acompanha as conversas com as duas companhias, a expectativa de resolução das dívidas com a Varig e a Vasp é "grande" na gestão José Alencar, já que o ministro anterior, José Viegas, "tinha muitos problemas para resolver, e as coisas iam se arrastando". Segundo a Vasp, as negociações com a Infraero estão em curso. A Varig, por sua vez, não se pronunciou.