Rio (AE) – A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) surpreendeu e disparou para 0 78% em novembro, ante 0,56% em outubro. Pressionada pela aceleração de preços de alimentos, combustíveis e transportes, a taxa ficou acima das estimativas do mercado financeiro (0,45% a 0,68%). Mas economistas ouvidos pela Agência Estado apostam que a alta na inflação é passageira e não é preocupante.
O IPCA-15, que é uma espécie de prévia do IPCA, índice referência para as metas de inflação do governo, acumula alta de 5,48% no ano e de 6,36% em 12 meses, até novembro. O indicador é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com a mesma metodologia do IPCA, diferindo só no período de coleta: os dados são coletados do dia 15 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência – e a coleta de dados do IPCA ocorre ao longo dos 30 dias do mês.
Segundo o IBGE, a inflação no varejo medida pelo IPCA-15 foi influenciada por elevações de preços de combustíveis como álcool (7,66%) e gasolina (1,26%). Em transportes, subiram ônibus urbanos (1,48%) e passagens aéreas (13,21%). Além disso, foram reajustados alimentos e bebidas (0,99%), principalmente carnes (5,58%). Para o economista do Ibmec e ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas, essas elevações não constituem tendência. "Esse resultado reflete altas pontuais, com impacto de preços administrados, e a influência dos alimentos, que passam por um choque de oferta", afirmou Freitas.
Com o resultado, a projeção de Freitas para o fechamento do IPCA em novembro ficou em 0,45%. Para o ano, a estimativa é de que o indicador fique em 5,6%. Mesmo com a aceleração na prévia do indicador, Freitas não acredita que o Banco Central (BC) olhe esse resultado como determinante na decisão sobre a taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Copom.
"Esse número não pode impedir que o BC continue a cortar a taxa de juros mais rapidamente", disse, considerando que a redução de juros é fundamental para a recuperação do nível de atividade do País, cujos indicadores, como a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), estão menores do que o esperado.
O economista da PUC-Rio Luiz Roberto Cunha concorda com Freitas ao considerar que o resultado não é preocupante. "Mas é um número chato pra chuchu", brincou, lembrando que a taxa veio acima das previsões do mercado financeiro. O resultado do IPCA-15 de novembro modificou as previsões de Cunha para o IPCA fechado de novembro, que eram de 0,45% a 0,50%. "Agora, acho que teremos uma taxa maior, entre 0,50% a 0,55", disse. Para o ano, a estimativa de Cunha é de IPCA em 5,6%.
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